A temível sarcopenia

Jair Rodrigues Garcia Júnior

Imagine você, sentado em uma cadeira ou no vaso sanitário e sem forças nas pernas para se levantar. Ou sem força para erguer o pé 20 centímetros para subir um degrau. Provavelmente você tem parentes ou já viu pessoas idosas com essas limitações, que são características da perda muscular e fraqueza, a sarcopenia. É uma doença tão ou mais grave que a osteoporose, que é um pouco mais conhecida pela população.

CARACTERÍSTICAS 
A sarcopenia é marcada pela perda de massa muscular, de força e de função (inaptidão física), que atinge predominantemente idosos. As mulheres têm maior risco em razão da massa muscular ser proporcionalmente menor que a dos homens. O avanço da idade e doenças que impõem imobilização ou provocam resistência anabólica (diminuição da síntese de proteínas musculares) aumentam o risco. Nas faixas etárias mais elevadas e com doenças associadas, até 50% dos idosos sofrem de sarcopenia.

CAUSAS
A causa da sarcopenia é multifatorial, incluindo sedentarismo, diminuição do consumo proteico e calórico, diminuição dos hormônios anabólicos (hormônio do crescimento, fator de crescimento semelhante à insulina - IGF-1, testosterona, triiodotironina - T3 e tiroxina - T4), aumento de moléculas estimulantes catabólicas (fator de necrose tumoral - TNF-alfa e interleucina 6 - IL-6), inflamação crônica, estresse oxidativo, degeneração da junção neuromuscular e aumento progressivo da fibrose. 

PROGRESSÃO
Há casos em que a progressão da perda muscular é acelerada em razão de doenças metabólicas ou degenerativas, levando à sarcopenia. Porém, na maioria dos casos, entre os idosos, a progressão acontece lentamente, podendo ser evitada ou, pelo menos, desacelerada. O principal fator de risco é o sedentarismo. A falta de estímulos de força leva à perda de 1-2% da massa muscular e de 1,5-5% da força por ano, a partir dos 50 anos. Na progressão da perda em condição sedentária, a pessoa chega aos 80 anos com apenas metade da massa muscular que possuía antes dos 50 anos. Pessoas fisicamente ativas, que praticam exercícios de força e atletas têm prognóstico totalmente diferente. 

O principal fator de risco é o sedentarismo. A falta de estímulos de força permite que haja perda da massa, força e função muscular

DIAGNÓSTICO
O diagnóstico apurado da sarcopenia depende da avaliação da massa, força e função muscular. Para a massa muscular são utilizados exames de imagem ou outros métodos de medidas e equações. Para a força há aparelhos de dinamometria (ex. força de preensão manual) e testes simples como de se levantar da cadeira. Para a função muscular há testes físicos bem simples de velocidade de marcha ou de sentar e caminhar. Os exames são realizados por médicos, mas as demais avaliações e testes podem ser realizados por professor de educação física, nutricionista ou fisioterapeuta. 

NECESSIDADE DA PREVENÇÃO
Ter orientação de um professor de educação física para manter a força e condicionamento físico é uma providência essencial, especialmente para pessoas 35+. Orientação de nutricionista para manter a dieta adequada, principalmente no que se refere ao consumo de proteínas e calorias (nem falta, nem excesso) também é essencial. Consultas e exames anuais para diagnóstico e controle de doenças existentes também diminui o risco de sarcopenia na senescência. Apesar de ser uma “doença de idosos”, a prevenção deve ocorrer desde a meia-idade.

Referências

Cruz-Jentoft AJ, Bahat G, Bauer J, …, Schols J. Sarcopenia: revised european consensus on definition and diagnosis. Age and Ageing. 2019; 48(1): 16-31. https://doi.org/10.1093/ageing/afy169 

Dent E, Morley JE, Cruz-Jentoft AJ, …, Vellas B. International Clinical Practice Guidelines for Sarcopenia (ICFSR): screening, diagnosis and management. The Journal of Nutrition, Health & Aging. 2018; 22(10): 1148-1161. https://doi.org/10.1007/s12603-018-1139-9

Dionyssiotis Y. Sarcopenia in the Elderly. European Endocrinology. 2019; 15(1): 13. https://doi.org/10.17925/EE.2019.15.1.13 

Papadopoulou SK. Sarcopenia: a contemporary health problem among older adult populations. Nutrients. 2020; 12(5). https://doi.org/10.3390/nu12051293 

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