A seleção e o seu mundinho virtual

Roberto Mancuzo

CRÔNICA - Roberto Mancuzo

Data 09/07/2024
Horário 06:00

A Seleção Brasileira de futebol é hoje um reflexo imediato do que é a realidade da maior parte das redes sociais: aparência, discursos vazios, falta de comprometimento e seguidores iludidos, esta última uma palavra que uso de forma suave para não classificar muitos deles como manipulados. 
O Brasil saiu da Copa América 2024 pela porta dos fundos, com um time ridículo e um futebol pequenininho, mas sobre o futebol tem um monte de comentário feito por pessoas muito mais especialistas que eu. 
Quero me concentrar nas webcelebridades que jogaram pela Seleção e fizeram lá o que fazem regularmente nas redes sociais: não foram sinceros; não demonstraram conhecimento nenhum pela história brasileira; não honraram nomes que fizeram nosso time ser temido no mundo todo; mostraram uma vida de luxo e glória totalmente desconectada do público brasileiro; e como toda e boa webcelebridade faz nas redes sociais quando é chamada a atenção, reclamaram do assédio, da invasão de privacidade, da imprensa, do boi-bumbá, do cometa Halley e o que for, mas não foram capazes de dar uma desculpa sincera pelos seus erros.
Quer provas disso? Bem, pegue a escalação da Seleção Brasileira e entre em cada uma das redes sociais destes marmanjos e leia o que disseram depois deste vexame nos Estados Unidos. Se é que disseram, porque como vivem sob o escudo do mundo virtual sentem-se à vontade para ignorar o público em geral. É só alimentar de bobagens seus seguidores desavisados e está tudo bem.
Sob meu ponto de vista, nessa geração de jogadores muitos deles já foram iludidos pela riqueza, por terem saído de um condição de pobreza para o mundo do dinheiro e é mais iludida ainda com os milhões de seguidores que possuem, o que faz com que eles nem se importem muito com o que fazem ou deixam de fazer no mundo físico, uma vez que no mundo virtual eles são “reizinhos” de seus próprios mundo. É a “Neymartização” das redes sociais.
Fico imaginando se Sócrates, Romário, Renato Gaúcho, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Cafú seriam também absorvidos por esta condição. Talvez sim, mas tivemos sorte deles terem vivido em uma época diferente, quando o maior problema era se iriam ou não treinar direito ou se fugiriam da concentração para um boteco. E mesmo assim, se acontecesse, eles entravam em campo e resolviam. 
Não, não é saudosismo barato. É ciência que explica a realidade porque o mundo virtual das redes sociais não é o contrário do “real” e sim oposto do mundo físico, não binário. Os efeitos de tudo que acontece no ciberespaço são reais, sim. 
O problema é que tudo se confunde e enquanto for assim, vai ser difícil termos novos e dignos heróis em diversas áreas, especialmente no futebol, que durante anos foi nosso grande orgulho. 
 

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