A rua era nossa Ritalina!

OPINIÃO - Marcos Alves Borba

Data 06/03/2024
Horário 04:30

Penso que, falar de uma era em que muitos de nós vivíamos grande parte de nossa infância na rua, devido não ter as opções de ocupação em lazer e divertimentos, seria quem sabe até insano, se fizermos uma comparação com os dias de hoje devido uma evolução dos tempos. E talvez, você pode até me perguntar: quando foi isso? Em que época sua ocupação era tão vasta de um tempo dedicado totalmente à rua? Se buscarmos pela nossa imaginação, isso não faz muito tempo. Mas já passou!
Assim, creio eu, cada um vivia à sua intensidade de maneira e de acordo com as condições que tinha devido cada canto ter a sua simplicidade das coisas. E mesmo assim, a nossa energia ultrapassava outros bairros, ruas e matas, na busca do que fazer por naturalidade de nossas ocupações, e de se divertir, e quem sabe nos tornarmos habilidosos de tantos dons e capacidades que muitos de nós tínhamos e procurávamos, e não sabíamos. E depois de um longo dia corrido de nossas vastas atribuições rueiras, a chegada em casa seria sem nenhuma dúvida, a pedagogia do chinelo de nossos pais: onde você estava? Passados alguns dias, lá estávamos novamente às ruas...     
Em sua obra, o norte-americano, Ricard Louv, pesquisador, escritor, nos induz de maneira cautelosa e urgente a repensar verdadeiramente os valores que a natureza sempre nos proporcionou, principalmente as nossas crianças de hoje. No seu livro: “A última criança na natureza”, 1ª edição/2. reimpressão, São Paulo/2018, Editora Aquariana, o que ele mesmo diz, resgatando nossas crianças do transtorno do déficit de natureza (TDN). Não sendo um diagnóstico médico, mas sim, uma nova abordagem, e que ainda precisa ser reavaliada na sua transposição do conceito. Mas, quando ele ouve de uma criança da 4ª série de uma escola de San Diego, Califórnia, “prefiro brincar dentro de casa porque é onde há tomadas”. Nos permite a entender que parece que o mundo parou!
Nessa rebuscada analogia, tanto de tempos que éramos livres, abertos e solícitos às ruas de nossas inquietudes e numa nova abordagem de Richard Louv, de que a natureza precisa ser revista urgentemente, as nossas crianças, mesmo tendo um índice muito alto nas ações que lidam ao TDAH (transtorno de déficit de atenção e habilidade) e TDN (transtorno de déficit de natureza), evidentemente que todas as áreas do conhecimento serão transpositoras de qualquer que seja o indivíduo, numa tentativa de acertar qual o melhor caminho para que determinadas habilidades sejam desenvolvidas. E todos podem! 
Acreditem, nossos pais poderiam não ter o conhecimento de onde buscar os remédios, mas tinham a sabedoria de nos dar um copo de groselha e nos deixar grande parte do dia na rua. Se os tempos são outros, entendemos, mas seja possível que grande parte de algumas famílias precisa conviver e buscar o que verdadeiramente a natureza pode nos proporcionar! 
 

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