Das três características inerentes ao Sistema Republicano (eletividade, periodicidade e responsabilidade), aquela que implica, a nosso ver, com maior significância na atuação dos governantes, é a responsabilidade dos mesmos no exercício de seus respectivos mandatos.
Entretanto, não obstante a existência do mencionado requisito para o desempenho da função pública, o que presenciamos na realidade, é a completa falta de comprometimento das nossas instituições democráticas, fazendo de suas bandeiras, verdadeiros balcões, onde se negociam interesses, destinos e no mais das vezes futuros, justamente daqueles que outorgam os respectivos mandatos para estes que acreditam ser os seus representantes políticos.
E o que é pior, tamanha afronta a valores básicos de comportamento do ser humano pode ainda levar a triste indagação de que se realmente compensa o exercício dos atos na plenitude do nosso caráter, de nossa hombridade, da nossa consciência. Não raras são as vezes em que, nesse contexto, a regra se transforma em exceção.
A este poder, não é legítimo caracterizarmos de responsável, pois contemplamos a esta característica, o penhor da idoneidade da representação popular, baluarte necessário para o livre desenvolvimento da vontade popular, dos anseios de uma nação.
Oportuno observar, neste raciocínio, que muito daquilo que se lê representação popular, entende-se por defesa de interesses pessoais, fazendo com um governo que deveria se caracterizar pela vontade do povo acabe por se demonstrar que os anseios prevalecentes são apenas e tão somente de si próprios, e quando muito, daqueles que coadunam do mesmo procedimento.
Contudo, a responsabilidade a que nos reportamos não está adstrita no compromisso de não desenvolver a corrupção, mas principalmente por exercer determinado mandato com os olhares voltados à legítima vontade popular, principal motivo do exercício de um governo.
Por fim, com o devido respeito, apenas se ressalta a importância do amadurecimento e da democratização de nossas instituições para o livre desenvolvimento de nosso país, assim como de nós eleitores, pois indubitavelmente a responsabilidade daqueles deriva diretamente da nossa consciência, não só no importante exercício do voto, mas principalmente na cobrança daqueles que legitimamente elegemos.