A incessante busca  pelo “para sempre”

OPINIÃO - Amanda Whitaker Piai

Data 30/04/2024
Horário 04:30

Lidar com a efemeridade é uma das maiores dificuldades que temos que enfrentar na vida. A verdade é que pouco do que acontece com nossas vidas ou que nos afeta está sob nosso controle e, mesmo assim, continuamos nos apegando e criando expectativas de um “para sempre”. Esperar a estabilidade e permanência está na natureza humana, uma busca constante por segurança em uma realidade instável.  
Nossos relacionamentos são possivelmente a parte mais nítida da nossa batalha contra o efêmero. Não somente nos amorosos, mas em todos os tipos de relacionamentos que permeiam nossa existência, tendemos a nos acostumar com as pessoas, criamos laços profundos e passamos a depender emocionalmente das mesmas. Todavia, é impossível evitar que muitas dessas relações se percam no caminho da vida; a distância, mudança de estilo de vida, falta de interesses em comum, discordâncias e até mesmo a finitude da vida são poucos dos infinitos motivos que acarretam no fim de uma relação, que nos deixam com a sensação de perda que, em muitos casos, é muito difícil de lidar. 
Podemos, também, enxergar esse fenômeno em momentos de felicidade, que tendem a ser intensos e significativos, mas não constantes. A famosa frase tudo que é bom dura pouco expressa bem esse fato. Ficamos tristes com os desvanecer desse sentimento tão buscado por todos nós, mas é justamente essa efemeridade que dá significado a esses momentos. Caso a vida não tivesse seus altos e baixos, sua imprevisibilidade, tudo seria muito normal e constante; apesar de em alguns momentos nos questionarmos se não seria melhor assim, muito provavelmente viveríamos uma vida sem graça. 
Um bom exemplo para pensarmos sobre essa ideia é compararmos com comida. Muitos são os amantes de chocolate ou creme de avelã, mas a partir do momento em que você se torna obrigado a comê-los todo dia em uma quantidade considerável, provavelmente seu valor seria diminuído. O contrário também acontece: como brasileiros, comemos arroz com muita frequência no dia a dia e é algo simples e normal para todos, porém ao viajar para outro país por mais de 15 dias e se deparar com uma culinária muito diferente, o arroz se torna uma iguaria muito aguardada. 
Todos nós estamos cientes de que a efemeridade é parte intrínseca da existência humana, mas aprender a lidar com ela é o grande desafio. Exige de nós flexibilidade psicológica para podermos nos adaptar às novas situações que surgem quando algo chega ao fim. Por isso, é crucial que aprendamos a viver no presente e apreciar cada momento com intensidade. 
 

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