A importância da democratização do acesso ao ensino superior

OPINIÃO - Vahan Agopyan e Marcos Borges

Data 26/07/2024
Horário 05:00

As universidades estaduais paulistas desempenham um papel fundamental no desenvolvimento e progresso de São Paulo. Instituições como USP, Unesp e Unicamp são referências nacionais e internacionais em ensino, pesquisa e extensão. Elas formam profissionais altamente qualificados, geram conhecimento científico e tecnológico de ponta e contribuem ativamente na solução de problemas relevantes para a sociedade. Contamos ainda com a quarta instituição, a Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), que há 12 anos oferece acesso ao ensino superior no formato EaD (Educação a Distância), democratiza oportunidades, fomenta a mobilidade social e contribui significativamente para a redução das desigualdades regionais, além de capacitar os alunos com conhecimentos e habilidades voltados para o mercado de trabalho.
Em 2024, a Univesp chegou a 423 polos, distribuídos em 373 municípios, dos quais 35% não contam com instituições de ensino superior presencial. Está presente fisicamente em cidades que abarcam mais de 93% dos paulistas a uma distância de, no máximo, 45 quilômetros entre suas unidades. Os professores conteudistas são profissionais da USP, Unesp e Unicamp e, na atual gestão, a instituição realizou os maiores vestibulares em extensão territorial e participação. Foram mais 25 mil vagas, somente neste ano, distribuídas para 371 municípios de todas as regiões administrativas. Já em 2023, o processo seletivo, destinado aos nove cursos de graduação, recebeu o maior número de inscritos da história da Univesp: quase 100 mil inscrições efetivadas.
Além disso, este ano, de maneira inédita, o governador Tarcísio de Freitas permitiu que 2.610 alunos do ensino médio da rede pública ingressassem na Universidade Virtual do Estado de São Paulo por meio do Provão Paulista. Os números são irrefutáveis e a importância da Univesp para o desenvolvimento do Estado também, por isso recebemos com preocupação algumas mudanças que estão sendo aventadas para o ensino superior a distância.
No começo deste ano, o CNE (Conselho Nacional da Educação), alarmado com o grande número de cursos EaD no país com qualidade duvidosa e para garantir que os futuros professores do ensino básico e médio tenham uma formação adequada, aprovou um parecer exigindo que as formações em licenciaturas e pedagogia tenham necessariamente 50% de sua carga horária de maneira presencial. O documento foi homologado pelo Ministério da Educação em 29 de maio.
A aplicação desta medida dificulta a oferta desses cursos em formato EaD no país, pois será economicamente inviável para as instituições transformarem todos os polos em edifícios com salas de aulas e disponibilizar equipes presenciais para lecionar os diversos conteúdos trabalhados nas disciplinas. Outro agravante é que a maioria dos estudantes que optam pela modalidade não dispõe de tempo e de recursos para se locomover e assistir a aulas presenciais, duas ou três vezes por semana, em horários definidos.
Vale ressaltar que as instituições que oferecem cursos EaD de qualidade baixa são as mesmas que possuem os presenciais ruins. Por outro lado, há opções nestas modalidades de alta qualidade, como é o caso de pedagogia da Univesp que na última avaliação do Enade (2022) estava entre os 15% melhores do país, à frente de dezenas de outros ofertados presencialmente por instituições públicas. A qualidade de um curso não está associada ao formato em que é oferecido, mas sim ao empenho, organização e seriedade da instituição que o disponibiliza.
A Univesp tem hoje mais de 25 mil alunos nos cursos de licenciaturas e 15 mil em pedagogia. Formou no último ano mais de 4 mil profissionais nessas áreas. A qualidade dessa universidade virtual é resultado da sua política de atuação, que utiliza metodologias modernas, inspiradas em modelos internacionais, sendo um centro de referência em educação a distância. De 2014 a 2024, foram destinadas 112.067 vagas nos vestibulares.
A Univesp esperará o desdobramento das discussões e, para este ano, manterá as mais de 25 mil vagas para as nove graduações, entre elas, 8 mil para o eixo de licenciatura. É importante que o CNE atue no sentido de adequar ou eliminar os maus cursos, sejam eles EaD ou presencial, sem prejudicar aqueles que ofertam conteúdos de boa qualidade e em benefício do desenvolvimento do nosso país.
 

Publicidade

Veja também