A evasão nas universidades 

OPINIÃO - Rosana Borges Gonçalves

Data 09/04/2022
Horário 05:00

Um grande passo na cultura brasileira é sem dúvidas a maior oportunidade de ingresso à universidade. Iniciadas nos EUA pelo presidente John F. Kennedy em 1961, as ações afirmativas visavam a prevenção à discriminação. Estas medidas por sua vez foram tomando proporções maiores até chegarem ao fato de que o acesso à educação também seria uma forma de integração. 
No Brasil, medidas que visam à democratização do acesso à educação existem desde 2001, com a lei do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil - Lei 10.260/01) do governo de Fernando Henrique Cardoso e em 2005 (Prouni – Programa Universidade para Todos - Lei 11.096/05). Também temos as ações que proporcionaram cotas para negros em universidades públicas criadas pelo governo federal em 2012, e aí por diante. As oportunidades para ingresso às universidades existem e engana-se aquele em achar que seria algo novo. 
Infelizmente, somente leis não bastam. O índice de abandono de universitários no Brasil é enorme. Segundo a Agência Brasil (publicado em 11/01/2020), em dez anos, 59% dos estudantes do nível superior desistiram dos cursos. 
Não há dúvidas de que a mudança é muito grande quando se entra na universidade, onde as regras do ensino médio já ficaram para trás. Novos professores, novas metodologias e a responsabilidade de estar verdadeiramente construindo seu futuro poderá ser assustador. 
É certo de que os incentivos governamentais são primordiais, mas não podem ser os únicos. Fica claro que um tema tão complexo como este não poderia ser simplificado em apenas um eixo, por existirem vários fatores. Porém, as universidades também devem estar preparadas para receberem esses alunos e entender suas necessidades. O fato de poder contar com a alta experiência de professores renomados é sem dúvida muito importante. Um currículo forte entre seus professores, desde o mestrado até mesmo com um doutorado, faz com que a universidade tenha um alto gabarito. Mas só isso não fará com que ela seja a melhor. 
Investimentos em capacitações didáticas e metodológicas voltadas ao ensino são cruciais. Estas farão com que os docentes possam utilizar-se de técnicas e ferramentas capazes de fazer com que o aluno aprenda de uma forma menos complexa e mais intuitiva. As universidades acabam perdendo excelentes alunos por muitas vezes não enxergarem essas nuances. Um estudante que trabalha o dia todo e chega cansado na universidade não pode ter o mesmo tratamento daquele que tem o dia livre para estudar. Ou aquela matéria que exige mais do aluno não poderia passar despercebida, quando praticamente a maioria dos estudantes não se saiu muito bem. 
Atitudes dentro das universidades que demonstram uma real preocupação pelo seu discente estarão colaborando com a política de democratização do ensino. Este novo olhar poderá contribuir verdadeiramente para as ações afirmativas, diminuindo de certa forma a evasão e, consequentemente, as desigualdades sociais futuras.
 

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