A capacidade transformadora da psicanálise 

A psicanálise e todo o arcabouço que a sustenta têm um dos papéis importantes - o de trazer à tona o enigmático inconsciente para a consciência. O divã do analista é uma das melhores e mais significantes ferramentas para a condução de seu trabalho. Podemos também utilizar as poltronas, alguns analisandos têm mais resistência. O momento de ir para o divã é espontâneo e voluntário. É feito o convite. Nosso “setting analítico” é o negativo de um superego tirânico. Sem julgamento, crítica e censura, percorremos em parceria construída lentamente, gradativamente e sem pressa à instigante alma humana. 
Há o respeito pelo tempo singular de cada um. A formação oficial do psicanalista demanda anos de muitos estudos. Há exigências quanto à análise pessoal de cinco anos, com quatro sessões semanais com psicanalistas didatas e pertencentes ao IPA (Associação Psicanalítica Internacional), localizada em Viena, onde Sigmund Freud (1856-1939) a fundou. Supervisões clínicas, com os analistas didatas de 80 horas (dois anos). E estudos teóricos clínicos envolvendo seminários clínicos, que fazem parte de uma vasta grade curricular de cada sociedade. 
A formação psicanalítica objetiva, como coluna vertebral, formar especialistas com capacidade de continência, empatia, reveriê, compaixão, amor, etc., para albergar em seu consultório, analisandos em suas infinidades de formatos como: pensamentos, mentes, dores e angústias, metaforicamente, como quando mexemos num caleidoscópio. Há realmente, um grande repertório de teóricos que fundaram a psicanálise e outros que expandiram em muitos desdobramentos. 
Fazemos regressão de vidas passadas? Nos perguntam. Não. Também não hipnotizamos. Não há necessidade. Temos nossa teoria, prática e método que giram em torno de comunicações não verbais, verbais, silêncios, observação, transferência, contratransferência e tudo fundamentado no contato dia a dia com o analisando e no campo analítico criado pelos dois. 
A formação psicanalítica capacita profissionais para os atendimentos, desde a tenra infância, como bebês, crianças, adolescentes, adultos, idoso, casal e família. Cada analista escolhe como deseja atender e trabalhar, bem como sua faixa etária. A observação é a peça fundamental do nosso trabalho. Uma mente insaturada é um dos ingredientes mais importantes para o “bolo crescer”. Somos “arqueólogos” em busca de vestígios e das culturas antigas para compreender o passado humano de cada analisando. Escavamos sítios arqueológicos através dos símbolos deixados pelos mínimos gestos, falas, atitudes, respirações, murmurinhos, gravações de falas, fotos trazidas, enfim, nossa atenção é flutuante. 
Há o “afastamento” de memória, desejo, querer e achar que tudo poderemos compreender. Sabemos que não há verdades absolutas, e que a mente humana é infinitamente desconhecida.
 

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