Na Antiguidade, quando uma pequena parcela da população era alfabetizada, a consulta aos religiosos para resolver as dúvidas sobre os acontecimentos futuros era comum. Como exemplo existia o Oráculo de Delfos. Existia uma dependência do acesso ao conhecimento e uma ignorância ao achar que o conhecimento era proveniente das divindades e os religiosos eram intermediários desse saber. Nossa sociedade contemporânea não garantiu necessariamente o acesso ao conhecimento, visto que conhecimento não é crença subjetiva nem em poderes sobrenaturais, nem em acúmulo de dados e informações.
O conhecimento é derivado de séculos de investigações e explicações dos acontecimentos na natureza e como o mundo “funciona”, da qual a espécie humana ao ter o córtex cerebral mais aprimorado do que as demais espécies, possui a razão para não depender de crenças e narrativas mitológicas.
A partir da década de 2010, o acesso às informações através da rede mundial de computadores garantiu o acesso às informações, principalmente à chamada aldeia global, mas não ao conhecimento. A maior parte das informações disponíveis na internet é proveniente de usuários sem filtro ou critérios de postagem de informações. As redes sociais, formas de comunicação e paqueras, não podem ser consideradas fontes de conhecimento. O que acontece é que pessoas físicas ou até personagens passaram a se tornar figuras públicas na internet e serem até considerados “gurus”.
Um “guru” dos jovens usuários da internet (ou talvez idosos que aproveitam a terceira idade) são as páginas de busca: Google e Bing, e também a Wikipédia. Por que essas ferramentas não são fontes de conhecimento? Porque são meras ferramentas de vínculo digital de dados entre palavras (words) e os links dos textos (HTTP). Infelizmente, a sociedade dos viciados nos smartphones quer substituir as bibliotecas e os professores e continuar na ignorância digital das fakes produzidas por Allan dos Santos ou outros artistas defensores do militar provedor de colégios cívico-militares (ou apenas militares). As formas de violência verbal e até física se tornaram mais evidentes pelos “corajosos” (muitos anônimos) atrás da tela dos smartphones que difundem as piores ideias e preconceitos criados em épocas passadas, tais como a xenofobia e o racismo.
Por isso, ao invés de continuar dependendo de artistas de YouTube e de perguntar ao “doutor” Google. Leia livros impressos e fontes confiáveis. Vá ao médico ou pergunte a um especialista e faça você mesmo faculdade e demais cursos para se aperfeiçoar. Abandone os ídolos, sejam eles padres, pastores, orientadores, políticos e demais pessoas com lábia, e busque você mesmo o acesso ao conhecimento, para ter autonomia. Segundo Kant, as pessoas não precisam ter um professor para avaliá-las, sendo que elas podem buscar o saber.
Produzir informação e desinformação é fácil, o difícil é produzir conhecimento. Nossa sociedade somente irá evoluir se confiar no conhecimento científico e racional e não em ideologias políticas que produzem mentiras que interferem na mente de nossos jovens. O conhecimento permite que tenhamos a oportunidade de escolha entre o certo e o errado, para planejar melhor nossas vidas e até contribuir para uma sociedade mais justa e solidária, enfim mais educada, para um futuro melhor.