95º Shokonsai espera 3 mil pessoas amanhã

Tradicional celebração oriental que homenageia seus ancestrais/antepassados ocorre no Cemitério Japonês de Álvares Machado

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 11/07/2015
Horário 08:15
 

Neste domingo, a Aceam (Associação Cultural, Esportiva e Agrícola Nipo-Brasileira de Álvares Machado) promove a tradicional celebração oriental que homenageia seus ancestrais/antepassados, no Cemitério Japonês da cidade: a 95ª edição do Shokonsai. Realizado sempre no segundo domingo do mês de julho, o evento deve reunir no local, cerca de 3 mil pessoas durante todo o dia, para apreciarem e participarem das atividades religiosas, além de diversas apresentações culturais. O cônsul do Japão deve estar presente neste ato de fé e religiosidade.

De acordo com Alberto Sano, 74, e Alberto Yukio Nakada, presidente e secretário geral da associação, respectivamente, o evento tem como objetivo manter a tradição da cultura japonesa, que vem a ser o respeito à memória dos falecidos em momentos de oração. E, consequentemente, uma forma de confraternizar com os descendentes que já moraram na cidade ou região e vem de fora nesta data.

Jornal O Imparcial Cemitério Japonês tem 784 túmulos; último sepultamento no local foi realizado em 1943

"Respeito é algo que, além de nos fazer bem, caminhamos para um mundo mais igualitário. O respeito é a base de tudo e nós japoneses prezamos isso com nossas crianças, os anciões e nossos mortos", salienta Nakada.

A comemoração religiosa inicia às 9h, com a celebração budista na capela do cemitério. Às 11h, é realizada a reverência e feita a oração pela paz em memória de todos os soldados, de todas as nações que perderam suas vidas na 2ª Guerra Mundial. A abertura oficial está marcada para as 11h30 e contará com a presença de várias autoridades.

Já as apresentações culturais, com música no karaokê, coral, danças tradicionais e folclóricas japonesas, como taiko dentre outras atividades, começam ao meio-dia, no palco da antiga escola, no mesmo terreno do cemitério. Finalizando, tem às 17h, a dança bon odori e o ritual das velas. Momento este que fascina o secretário. Ele explica que é quando uma vela é acesa em cada túmulo (por volta das 17h30) e elas permanecem acesas, simultaneamente, até o finalzinho da tarde.

"É impressionante, mas a impressão que temos é que até o vento colabora e fica calmo, calmo. Não diferente é o fato de nesses 94 anos de celebração nunca ter chovido. O tempo está nublado, mas esperamos que a tradição se mantenha sem chuvas no dia", enfatiza Nakada.

 

Histórico

De acordo com Nakada, o primeiro sepultamento no cemitério foi da jovem Massae Watanabe, em 1918, quando chegaram os primeiros japoneses. Em janeiro de 1919, vieram as famílias Hissakiti Ito, Kurakiti Miyashita e Shiniti Takei. Este último, vítima de febre amarela, faleceu, e teve que ser sepultado no cemitério oficial mais próximo, na cidade de Veado (Presidente Prudente). Seu corpo foi levado até o local numa maca, por duas pessoas que caminharam a pé pelas margens da ferrovia, por 15 quilômetros.

Como na época já imaginavam uma epidemia da doença pela frente e, consequentemente, muitas outras vítimas de tal, começaram a pensar no quanto seria impossível transportar tantos corpos até Veado. Assim, a maioria dos membros da Colônia Japonesa decidiu que o senhor Naoe Ogassawara iria até a sede da comarca, na época, Conceição do Monte Alegre (próxima a Paraguaçu Paulista), para oficializar o Cemitério Japonês de Álvares Machado, que ficaria para utilização exclusiva dos orientais.

Na ocasião, sem nenhuma remuneração, os irmãos Takashi, Shiuma e Takeshi Ogassawara devastaram a mata para abrir a área para o cemitério. Na época, o senhor Kurakiti Miyashita era quem rezava as missas. Foram sepultadas no local 784 pessoas até 1943, quando foram proíbidos novos sepultamentos por ordem do então presidente, Getúlio Vargas, que via o espaço como um ato de discriminação racial.

Segundo Nakada, a responsabilidade de preservação e conservação da necrópole é da Aceam, que foi tombada em 1980, pelo Condephaat (Conselho de Defesa de Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) do Estado de São Paulo, através da Resolução 23, de 11 de julho de 1980, publicada no Diário Oficial no dia 12 de julho do mesmo ano.


PROGRAMAÇÃO

9h – Celebração budista na capela do Cemitério da Colônia Japonesa de Álvares Machado

11h – Reverência e oração pela paz, em memória aos soldados falecidos de todas as nações, na 2ª Guerra Mundial;

11h30 – Abertura oficial no palco, com a presença de autoridades

12h – Início de apresentações de karaokê, coral, danças tradicionais e folclóricas japonesas, taiko, etc

17h – Bon-odori, ritual das velas e encerramento
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