88 pretendentes aguardam na fila de adoção

Vara da Infância e Juventude conta com 1 criança e 6 adolescentes na lista; perfil escolhido é uma das dificuldades no processo

PRUDENTE - GABRIEL BUOSI

Data 11/06/2018
Horário 12:30
Arquivo Pessoal/Sonhar Fotografia, Jéssica e Daniel participaram de sessão de fotos para mostrar a espera pela criança
Arquivo Pessoal/Sonhar Fotografia, Jéssica e Daniel participaram de sessão de fotos para mostrar a espera pela criança

O casal de autônomos, Jéssica Piffer Lopes e Daniel Moreira Lopes, está na fila de adoção há exatamente um ano, quando obteve a habilitação para receber uma criança, após um processo que teve início em janeiro de 2017. Conforme a mamãe, que vive a gestação desde o início do processo, a adoção é um sonho que vem desde quando ela “se entende por mulher”, que foi motivado, ainda, quando o casal descobriu a infertilidade de Daniel há cerca de três anos. A fila de adoção em Presidente Prudente, no entanto, não se resume a este caso, visto que conta com 88 casais e/ou pessoas habilitados para o recebimento de uma criança, sendo que, conforme o serviço técnico da Vara da Infância e Juventude da comarca do município, dispõe de uma criança e seis adolescentes, com idades entre 11 e 17 anos, na espera de um lar. Em 25 de maio foi lembrado o Dia Nacional da Adoção.

As informações são prestadas pelo serviço técnico da Vara da Infância e Juventude, por meio das assistentes sociais jurídicas, Dayane Oliveira e Silvia Manfrin, bem como pela psicóloga jurídica, Ruth Tomiyoshi. Conforme as especialistas, a criança e os adolescentes possuem, respectivamente, 11, 13, 14, 15, 16 e 17 anos, somente na comarca de Prudente, sendo que foram disponibilizadas para a adoção, após um processo de destituição do poder familiar, quando são esgotadas as possibilidades de reintegração à família de origem. “Os principais motivos estão relacionados à exposição da criança e adolescente a situações de risco, envolvendo negligência e diferentes formas de violência”, informam as profissionais.

Das 88 pessoas e/ou casais habilitados para a adoção, na fila local e nacional, 25 encontram-se no estágio de convivência com crianças, e sete seguem suspensos a pedido ou “outros motivos”. O número representa uma queda, visto que há um ano, em maio de 2017, eram 90 pessoas e/ou casais na fila, que aumentaram para 92 em novembro do mesmo ano. O número de adolescentes na comarca, no entanto, dobrou, já que eram três há um ano, que passaram para seis neste ano [além da criança que segue na fila].

Sobre o tempo de espera, a Vara da Infância e Juventude esclarece que ele é determinado pelo perfil da criança pretendida, que está relacionado, por exemplo, à faixa etária, sexo, cor, condições de saúde e aceitação de grupo de irmãos. “Durante o processo de habilitação para adoção, além das entrevistas e outros procedimentos realizados pelo serviço técnico judiciário para a elaboração do estudo social e psicológico, os postulantes deverão participar da preparação psicossocial e jurídica, em conformidade com o Estatuto da Criança e do Adolescente, que também prevê a renovação da avaliação técnica a cada três anos ou em caso de nova adoção”, acrescentam as especialistas.

O perfil é justamente um dos motivos que fazem com que nem todas as crianças que estão disponíveis para adoção encontrem, de fato, um novo lar, já que, na maioria das vezes, conforme o serviço técnico, não corresponde ao perfil pretendido pelos pais. “Um dos desafios é associar o melhor interesse da criança ao desejo dos postulantes. Outra questão que representa um grande desafio é o processo de adoção tardia, com crianças mais velhas, pois esses processos apresentam peculiaridades na integração, na formação de vínculos em virtude de vivencias anteriores e que necessitam de uma atenção técnica mais aproximada”, salientam.

Após a inserção da criança ou adolescente em uma família, tem início o estágio de convivência, conforme previsto pelo Estatuto da Criança e Adolescente, que consiste no acompanhamento sistemático por equipes da Vara da Infância e Juventude, por 90 dias.

 

O sonho da adoção

Jéssica e Daniel vão fazer 10 anos de casados, sendo que há aproximadamente três anos descobriram que o marido possuía infertilidade, o que poderia dificultar a geração de um filho de forma natural. Engana-se, no entanto, quem pensou que o casal se deixou abater com a notícia, já que, conforme Jéssica, a adoção sempre fez partes dos planos de ambos, o que só foi intensificado com a notícia. “Sinto uma vontade enorme de adotar e para isso não há explicação. Antes de descobrir o problema de infertilidade, éramos um casal que se prevenia, pois a minha vontade era a de adotar e não gerar uma criança”.

A entrada no processo ocorreu em janeiro de 2017 e foi considerado por Jéssica como tranquilo, se comparado com situações vividas por outros casais. “Não vivemos o que chamamos de luto e que muitos enfrentam, quando a aceitação de não poder gerar uma criança é necessária. Como foi algo que sempre quisemos, estamos apenas aguardando o momento em que teremos o nosso filho ou filha no colo”.

Por falar na criança, o perfil escolhido pelo casal não diferencia a vontade por meninos ou meninas, mas estipula uma idade entre zero e quatro anos. “A parte de escolher o perfil é a mais difícil, pois parece que estamos escolhendo uma mercadoria e isso é horrível. Fizemos uma sessão de fotos e um vídeo para que, futuramente, essa criança entenda o quanto foi amada e esperada desde o início do processo e antes de chegar a nós”, conta a mãe.

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