Cerca de 80% dos 1.500 macacos da espécie mico-leão-preto que existem no Brasil estão na reserva do Parque Estadual Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio. O restante vive em outros parques florestais espalhados pelo Estado de São Paulo. O levantamento da espécie em extinção é tema de um estudo realizado pela bióloga Gabriela Cabral Rezende, 27, em parceria com o IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas). A pesquisa deu origem ao livro "Mico-Leão-Preto: A história de sucesso na conservação de uma espécie em extinção", que será lançado hoje, às 19h, na Câmara Municipal de Teodoro.
Atualmente, 1.200 micos-leões-pretos vivem no Parque Estadual Morro do Diabo, em Teodoro
De acordo com Rezende, a obra literária é fruto de dois anos de pesquisa e tem o intuito de retratar a situação do mico-leão-preto, além de alertar sobre a importância da preservação ambiental. É também a conclusão do mestrado da bióloga. "Foram feitos levantamentos profundos de tudo que envolve esta espécie. É a oportunidade de retratar as ações realizadas nos últimos 30 anos pelo instituto", conta.
O macaco, que tem 1.200 exemplares habitando no parque de Teodoro, é um primata de pequeno porte, pesa em média 600 gramas e possui uma pelagem abundante que forma um tipo de "juba" ao redor da cabeça. Vive em grupos de 2 a 7 animais e se alimenta basicamente de frutos e pequenos insetos. A reprodução do animal é apenas uma vez ao ano, podendo nascer 1 ou 2 filhotes. Além disso, apenas a fêmea "alfa" tem o papel de reprodução no grupo.
Parque ecológico
Para Eriqui Marqueti Inazaki, 35, gestor do Parque Ecológico Morro do Diabo, toda iniciativa que propaga a conscientização sobre o meio ambiente "é de extrema importância". "Estudos como este contribuem ativamente na preservação na natureza e dos animais. É uma forma de informar a sociedade", explica. Ele conta que o projeto realizado pela bióloga é de "muito valor", pois trata de uma espécie de primata "símbolo do parque". O gestor lembra também que os responsáveis pelo local deram toda a assistência para a realização da pesquisa. "O parque está aberto a todas as ações que abordam a vida ambiental, tanto na fauna como na flora", comenta.
Obra
Rezende ressalta que os leitores vão poder acompanhar, ao longo das 137 páginas do livro, a descoberta do animal no Brasil, em 1822, como ficou ameaçado de extinção, até a situação nos dias atuais. "Há informações completas sobre o macaco em todos os seus anos de existência", aponta. Rezende afirma que a ideia central é mostrar que todos podem desenvolver atividades de conservação ambiental. "Quero que este projeto sirva de espelho para outras pessoas fazerem algo para a natureza. Espero que outros projetos ambientais sejam idealizados", termina.
Para a coordenadora de Educação Ambiental do IPÊ, Maria das Graças de Souza, 40, é necessário mostrar que as iniciativas de conservação ambiental podem levar tempo, mas que os resultados são "muito satisfatórios". "Uma pesquisa detalhada é demorada, mas atinge as necessidades reais de levantamentos", diz. Segundo a coordenadora, há 30 anos o instituo realiza o acompanhamento constante do mico-leão-preto. "O coordenador Cláudio Benedito Valadares Pádua foi o precursor dos estudos no IPÊ, em 1984. Ele, inclusive, orientou o desenvolvimento desta obra. Isto demonstra a intensidade do projeto", expõe.