Com uma abordagem cognitiva e comportamental, associada à medicação, o grupo antitabagismo coordenado pela professora de Fisioterapia Respiratória, Ercy Mara Cipulo Ramos, na FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), em Presidente Prudente, promoveu 427 atendimentos no ano passado. Desde que foi iniciado, acolheu uma média de 700 pessoas, das quais 40% a 50% pararam de fumar. Ela explica que o grupo foca na educação do indivíduo, dessa forma, ele consegue entender o mecanismo da nicotina no corpo e driblar a vontade de fumar.
Ercy Mara acrescenta que os grupos possuem de 20 a 30 pessoas, que se reúnem em períodos iniciais de duas vezes na semana, frequência que depois é reduzida para apenas uma, e a cada 15 dias. “Depois, passa a ser uma vez ao mês, até completar um ano sem fumar. E, antes de ser admitido, o indivíduo faz uma série de avaliações médica e físicas, da condição pulmonar”, esclarece.
“A grande importância do tratamento em grupo é a troca de experiências e a vivência do tabagista com pessoas de classe social e formação educacional diferentes, mas que estão passando pelos mesmos sinais da abstinência. Mostra que o tabagismo não escolhe classe, sexo ou idade”, ressalta a professora.
A grande importância do tratamento em grupo é a troca de experiências e a vivência do tabagista com pessoas de classe social e formação educacional diferentes
Ercy Mara Cipulo Ramos,
professora da UNESP
Malefícios do tabaco
Definido pela dependência psicológica e física do tabaco, o tabagismo é um dos vícios que mais afetam as pessoas no mundo e pode até matar. A substância, presente em cigarros, narguilés e charutos, tem como princípio ativo a nicotina, que libera serotonina ao cérebro e causa um sentimento de bem-estar, levando à dependência. Além disso, o médico pneumologista Paulo Roberto Mazaro alerta que o cigarro possui mais de 4 mil substâncias tóxicas, que são agressivas à saúde.
Segundo o especialista, normalmente, o hábito de fumar se inicia na adolescência a partir de uma curiosidade. Ele destaca que, com tantos elementos, o vício pode causar diversas doenças cardiovasculares (infarto, angina) e respiratórias crônicas (enfisema, bronquite), além do câncer.
“Essas substâncias aumentam o colesterol ruim e diminuem o bom. Isso aumenta a incidência de infartos, pela obstrução das artérias, o que até pode causar a amputação de algum membro. Além disso, os casos de câncer do pulmão, bexiga e no aparelho digestivo, são os mais recorrentes nos fumantes”, completa. O especialista diz que o problema é proporcional ao hábito que o tabagista possui, sendo que o tempo para o surgimento de alguma dessas patologias é relativo, ou seja, depende do consumo.
Por conta da dependência, parar de fumar é um trabalho difícil que exige determinação e força de vontade. Depois de interrompido, o especialista aponta que os primeiros dias são os mais críticos, devido à abstinência causada, em que o organismo está acostumado com a presença da nicotina. Dentre os efeitos causados está a queda de pressão, sentimento de fraqueza, tontura e mal-estar. Com isso, mudanças positivas também começam a aparecer, como aumento de apetite, melhora no paladar e ganho de peso.
“A dependência que a nicotina causa é forte. Há pessoas que conseguem parar de usar cocaína com mais facilidade do que o cigarro”, declara o pneumologista.
Para ajudar no processo, o médico indica os adesivos ou chicletes de nicotina, bem como buscar ajuda de serviços especializados contra vícios. “A pessoa precisa identificar os gatilhos que o fazem fumar, ou seja, perceber quais são os atos e momentos que o levam a usar o cigarro. Isso vai ajudar a parar de repeti-los, então, mudar a rotina ajuda a parar de fumar”, finaliza.
SERVIÇO
O grupo de antitabagismo é desenvolvido há 16 anos. Os interessados em participar precisam entrar em contato pelo 3229-5821. Os encontros ocorrem às terças e quintas-feiras, das 18h às 19h, na Unesp. O próximo grupo está previsto para ser iniciado em março, porém há formação durante todo o ano.