7 de setembro: independência política, mas não econômica

Foi nesse dia que, em 1822, Dom Pedro iniciou a trajetória do país, como nação independente; “mas não falamos de uma liberdade em todas as esferas”, ressalta professora 

VARIEDADES - Cassia Motta

Data 06/09/2024
Horário 09:00
Foto: Cedida
“Independência ou Morte”, também conhecida como “O Grito do Ipiranga”, de Pedro Américo
“Independência ou Morte”, também conhecida como “O Grito do Ipiranga”, de Pedro Américo

O 7 de setembro é uma das datas comemorativas mais importantes do Brasil, porque foi nesse dia que, em 1822, Dom Pedro iniciou a trajetória do país, como nação independente.

Mas, segundo a professora de História, Michela Mendes, em 1822, ocorreu no Brasil uma independência política, mas não econômica, já que a ex-colônia portuguesa contraiu uma enorme dívida junto à Inglaterra para pagar uma indenização a sua antiga metrópole, Portugal. “Assim, não falamos de uma liberdade em todas as esferas. Além disso, para a maioria da população não houve mudança significativa, pois a estrutura social continuava escravocrata e as classes populares marginalizadas”.

Michela explica que após declarada a independência, a monarquia ainda se manteve no poder. A professora explica que temos o 7 de setembro de 1822 como o Dia da Independência, mas desde então foi estabelecido o regime Imperial no Brasil, apesar de decadente na Europa. “O príncipe regente foi coroado como Dom Pedro I, aliás, a única monarquia nas Américas. Ainda outro fato que criou uma estranheza no nosso processo de independência é o fato de o herdeiro da nossa antiga metrópole, ser o imperador. A República só foi estabelecida no país em 1889”.

Para a professora Michela, a história é um processo. “Se naquele momento em 1822, pouco ou nada mudou, hoje devemos comemorar a democracia na República. Sempre com olhos críticos, para que continuemos com a democracia e para diferenciar as datas oficiais construídas ao longo da história, como um grande espetáculo, e que de fato ocorreu. O exemplo dessa construção oficial está no Grito do Ipiranga. Sob a liderança de José Bonifácio, Dom Pedro I assina o manifesto proclamando a independência política do Brasil em 6 de agosto de 1822, o ato estava feito, restava o símbolo e tal símbolo foi o Grito do Ipiranga”.

Curiosidade

A independência do Brasil é celebrada em 7 de setembro, data em que Dom Pedro I, príncipe regente em 1822, deu seu famoso grito às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo. Mais tarde, o momento foi retratado em diversas pinturas e talvez a mais conhecida delas seja a obra “Independência ou Morte”, também conhecida como “O Grito do Ipiranga”, de Pedro Américo. O quadro está no Museu Paulista - USP/São Paulo. Mas, talvez o que muitos não saibam é que na pintura há algumas controvérsias.

Segundo a professora Michela Mendes, alguns pesquisadores fizeram essa nova abordagem da pintura, como a professora da USP (Universidade de São Paulo), Lilian Schwartz.

O quadro foi uma encomenda do Conselho Imperial, ou seja, trata-se de criar uma memória da independência de forma glamorosa, o que não foi bem isso que aconteceu. “Dom Pedro não montava uma cavalo castanho-escuro, mas sim, uma mula. Ele usava roupa comum, e não um uniforme da Guarda de Honra. Na época não existia a Guarda de Honra ou os Dragões da Independência, eles foram criados em dezembro de 1822”.

Outra constatação é que, segundo pesquisas, não havia um carreteiro no local, ele teria sido colocado para representar a população. “As fardas brancas serviam para aumentar o contraste entre o bloco dos guardas e o dos civis (vestes escuras). Serviam também para dar dinamismo à tela e equilíbrio aos dois blocos”.

Outro detalhe, de acordo com a professora Michela, é que o riacho do Ipiranga ficava a mais ou menos 405 metros da colina onde estava Dom Pedro I.

7 de setembro em Prudente

O 7 de setembro em Prudente será celebrado com um ato cívico-militar, no próprio Tiro de Guerra, às 9h, segundo informou o Subtenente Fábio Erlo - chefe de instrução do TG da cidade.

O ato cívico-militar terá hasteamento da bandeira nacional, execução do Hino Nacional e formatura da tropa de atiradores. “Não faremos o desfile no dia 7 de setembro, devido à realização da Parada Festiva, em comemoração ao aniversário de Prudente, no dia 14 de setembro, ocasião em que será realizado o desfile da tropa”, explicou o subtenente.

Cedida

Professora de História, Michala Mendes: “Não falamos de uma liberdade em todas as esferas”


 

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