Na 10ª RA (Região Administrativa), seis sítios geológicos constituem lugares cientificamente relevantes, de acordo com publicação da revista Pesquisa, da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), baseada em um artigo veiculado em janeiro deste ano pela revista científica Geoheritage. São eles: o sítio fossilífero de Pirapozinho; os arenitos eólicos das barrancas do Rio Paraná, em Presidente Epitácio; as seções-tipo (sequências de camadas de rochas em determinada localidade) da Formação Presidente Prudente e Formação Vale do Rio do Peixe, em Rancharia; os icnofósseis da usina de Porto Primavera, em Rosana; e o Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio. De acordo com uma das autoras do trabalho, a geóloga do IGc-USP (Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo), Maria Glória Motta Garcia, os locais mencionados devem ser conservados pelos órgãos competentes a fim de preservar o patrimônio geológico do Estado de São Paulo. Outros 136 geossítios paulistas, situados em 75 cidades, foram listados pelo estudo.
Quando se fala no Morro do Diabo, poucos imaginam que a formação geológica já foi, há milhões de anos, um enorme deserto, o Deserto Caiuá, sendo esculpido por meio de processos erosivos causados por fenômenos naturais, como o vento e a chuva. Conforme a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, o morro se manteve imune à ação da natureza por ser composto por arenitos endurecidos (ou silificados), que mantêm o seu topo cerca de 600 metros acima do nível do mar, ao passo que outros locais com menos altitude dentro do Parque Estadual localizam-se a 280 metros do nível do mar.
O prefeito de Teodoro Sampaio, Ailton César Herling (PTB), afirma reconhecer a importância do geossítio e defende que há políticas públicas em andamento para preservar as suas condições ambientais, bem como atrair investimentos para a área. No ano passado, a Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) aprovou uma emenda aglutinativa do PL (Projeto de Lei) 249/13, que autoriza a concessão do parque para a iniciativa privada. O chefe do Executivo salienta que, quanto a isso, “ainda não há nada formal, apenas o conhecimento da aprovação da emenda”.
Geossítios
Em relação ao sítio fossilífero de Pirapozinho, a professora da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), Ruth Künzli, destaca que o principal pesquisador desta área foi o geólogo da mesma universidade, José Martin Suarez, falecido em maio de 2007. Ele descobriu no local um jazigo de tartarugas, onde identificou duas espécies ainda desconhecidas, que descreveu e batizou: a Podocnemis elegans e a Bauruemys elegans, ambas em 1969. Ali, também foram encontrados crocodilos e dinossauros, peixes, crustáceos (ostrácodes) e ainda restos de vegetais (carófitas). Em um artigo deixado por Suarez, é exposto que, em virtude de sua localização na antiga estrada de ferro desativada, o sítio está “relativamente protegido da depredação”. “Além disto, o próprio abandono fez com que a vegetação e as enxurradas ocultassem o local, de modo que para o leigo será difícil visualizar a camada fossilífera”, escreveu.
Já os icnofósseis da usina de Porto Primavera, em Rosana, são abordados em um estudo do geólogo Luiz Alberto Fernandes, docente da UFPR (Universidade Federal do Paraná), onde atesta que as pegadas fósseis em Rosana, no Pontal do Paranapanema, correm o risco de ser decompostas em função da variação do nível da água por causa da operação da mencionada usina. “Os icnofósseis de Porto Primavera estão em antigos depósitos de areia, no interior de um grande deserto que existiu ali entre 90 milhões e 65 milhões de anos”, dissertou.
Patrimônio geológico na 10ª RA
- Sítio fossilífero de Pirapozinho;
- Arenitos eólicos das barrancas do Rio Paraná (Presidente Epitácio);
- Seção-tipo de Formação Presidente Prudente;
- Seção-tipo de Formação Vale do Rio do Peixe (Rancharia);
- Icnofósseis da usina de Porto Primavera (Rosana);
- Morro do Diabo (Teodoro Sampaio)
Fonte: Pesquisa, da Fapesp