Vinte e um de dezembro de 1965: um crime bárbaro comove e marca a história de Presidente Prudente. Foi a data em que o então prefeito Florivaldo Leal foi brutalmente assassinado, em plena luz do dia, a golpes de um cabo de picareta, desferidos por um operário/servidor da Prefeitura. Assim como na edição do dia seguinte, e em outras, O Imparcial deu grande cobertura ao lamentável fato e recorda hoje a triste perda, com depoimentos e lembranças de algumas pessoas.
Dentre elas, Ronaldo Macedo que, enquanto historiador, faz um resgate sobre a trágica morte do ex-prefeito, então com apenas 36 anos. Segundo ele, a repercussão foi muito grande, em toda a região. Autoridades, emissoras de rádio locais e regionais se instalaram nas proximidades do Hospital São Luiz, para onde ele foi levado, informando a população sobre os acontecimentos - fazendo uma ponte com as rádios estaduais que divulgavam para todos os municípios paulistas. "Foi uma grande mobilização de todos os setores na tentativa de salvar a vida do prefeito. As organizações religiosas pediam doadores de sangue, enquanto rogavam preces para sua recuperação e conclamavam o povo a segui-los", ressalta.
Ronaldo Macedo, historiador
O jornalista Altino Correia, que atua na área há mais de 50 anos, conta que na época era correspondente da "Folha de São Paulo" e diretor da Rádio AM Presidente Venceslau. Segundo ele, quando recebeu a notícia que Florivaldo havia sido vítima de atentado desse funcionário, a informação foi de que o prefeito se preparava para presidir a inauguração do Cine Ouro Branco.
Mas, ao sair da Prefeitura, inesperadamente foi atacado ao lado de uma árvore, próxima ao parque de obras que ficava no mesmo local do prédio público, na esquina da Avenida Coronel José Soares Marcondes. "Tive breves contatos, mas foi um fato que chocou a cidade e merece ser lembrado, pois Florivaldo foi uma grande figura. Trouxe muita expectativa e esperança ao povo que via um empresário jovem e dinâmico entrando para comandar a cidade. As pessoas estavam estarrecidas, chocadas", acentua o jornalista.
Corrida contra o tempo
Conforme relembram Feiz Abbud, 76 anos, hoje chefe de gabinete da Prefeitura e, Ronaldo Macedo, em seguida ao atentado, o prefeito já foi internado no Hospital São Luiz e iniciada uma corrida desesperada para salvar a vida dele.
Segundo eles, vários médicos, como Odilo Antunes de Siqueira, Ájax Gonçalves, Carlos Prado e Aziz Felipe se juntaram à equipe médica do hospital, para intensificar o esforço de socorro. "Solicitaram a vinda de um especialista de São Paulo, o Dr. Rui Roberto Dahas de Carvalho, que prontamente se pôs a caminho em avião cedido pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, por ordem do então governador em exercício, Carvalho Pinto", complementa Ronaldo.
Walter Lemes Soares, 80 anos, diretor da Andorinha e um dos sucessores de Florivaldo Leal (72/76), lembra como se fosse hoje, da mobilização de todos que tinham carro e se dirigiram até o aeroporto para iluminar o campo de pouso do avião que trazia o médico.
"Eu estava lá. E era tanta gente querendo ajudar que precisei ligar para a polícia e pedir que não deixassem mais carros irem até o aeroporto, pois precisávamos de acesso livre no trajeto até o hospital. Foi um dia muito triste, a população revoltada e ao mesmo tempo numa comoção sem explicação. É impossível falar de Florivaldo em alguns minutos , mas perdemos um grande homem, honesto, que amava sua terra e nos deixou um grande legado!", exclama Walter.