41 horas e 48 minutos

Roberto Mancuzo

CRÔNICA - Roberto Mancuzo

Data 10/12/2024
Horário 06:00

Acabei de receber meu relatório semanal de uso do celular. Sim, temos isso à disposição, um produto totalmente gratuito dentro de todos os pagamentos que você faz via Apple e que nem sabe mais exatamente o que debita no cartão. 

Enfim, chegou aqui o atestado da minha relação intrínseca com este membro-máquina do meu corpo, alimentado por uma bateria de lítio e incentivado a funcionar conforme as minhas vontades e desejos. 

Eu confesso que não sei o que acho dos números: em sete dias eu estive 41 horas e 48 minutos dedicado exclusivamente a operar o celular, uma média diária de 5 horas e 58 minutos. E quando eu digo “operar” é que de fato a minha mente, meus olhos e meu corpo todo se dedicaram a este relacionamento. 

Sou de Humanas e, portanto, minha capacidade de cálculo é algo a ser debatido pela ciência, mas vamos tentar levantar uma estatística primária em relação a este tempo que passei no celular durante sete dias. 

Bem, uma semana tem 168 horas (7 dias x 24 horas) e as minhas 41 horas e 48 minutos representam aproximadamente 24,88% do total da semana. Então, considerando 100% do tempo todo da semana, quase um quarto dela foi inteiramente dedicado a isso. 

Estou com medo de continuar, mas vamos lá.

Vamos detalhar essa comparação com um dia inteiro: eu passei 41 horas e 48 minutos no celular ao longo da semana e como o dia tem 24 horas, o meu iPhone ganhou de mim atenção completa e irrestrita por um dia inteiro (24 horas) e mais 17 horas e 48 minutos. Quase dois dias completos dos sete que vivi semana passada inteira.

Agora já estou em pânico, porque de fato não uso o meu celular para trabalhar exatamente. Sou professor universitário e minhas lutas acontecem nas salas de aula, no notebook e outros espaços, não necessariamente no próprio celular que uso para o trabalho apenas quando me relaciono nos grupos de WhatsApp da universidade. Se bem que ultimamente responder dúvidas de alunos por ali também significa um trabalhão, mas não é significativo nesta conta.

Enfim, esta crônica vai acabar aqui porque se eu for mais para frente terei que comparar o meu tempo de celular com coisas bem mais sérias como o tempo que fico com minha esposa, filhos ou com os amigos de fato. 

Pronto, já me assustei demais para um domingo de manhã, o horário que escrevo esta crônica, e fica aqui a minha promessa de bolar um plano para recuperar meu tempo de qualidade com as pessoas que amo. Será que o ChatGPT me ajuda?
 

Publicidade

Veja também