Em 30 de setembro de 2000, a equipe de atletismo brasileira - formada por Vicente Lenilson, Edson Luciano Ribeiro e André Domingos e Claudinei Quirino -, que treinava, inclusive, em solo prudentino, conquistava a medalha de prata, no revezamento 4x100, dos Jogos Olímpicos de Sidney, na Austrália.
Uma lembrança com gosto de trabalho pesado e saudade, que até mesmo a narração de Galvão Bueno vem à mente em certos momentos, como dito por Quirino. “Foi um momento ímpar. Nós usamos tudo o que tínhamos. Uma equipe maravilhosa e que sabia o que queria. Agora você me pergunta se eu pensava que ia ganhar, a resposta não é bem a que se espera. Mas eu sabia que estávamos preparados para ganhar”, destaca.
Mas preparados ou não, qualquer atleta que chega a esse ponto fica refém do nervosismo. Edson, por exemplo, que já vinha de um bronze dos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996), nos Estados Unidos da América, ainda assim se sentiu pressionado. “Eu geralmente fazia um sinal da cruz, um pai nosso, para controlar o nervosismo, mas naquele dia estava além. Eu ficava pensando na marca da pista em que o Vicente passaria o bastão para mim”, frisa.
Mas minutos depois, em meio à apresentação de uma prova de dardos, ele se lembra de ficar calmo, de respirar e sentir que estava numa Olimpíada, pronto para fazer o que sabia. “Logo em seguida veio o tiro. Se você me perguntar se eu lembro o tiro da corrida, eu sei porque vi os vídeos depois. Mas é muito difícil falar, eu lembro dos detalhes, o Vicente passando o bastão, eu passando para o André, não. Foi muito rápido. Mas uma sensação muito gostosa e de alívio ao ver o Claudinei atravessando a linha de chegada em segundo lugar”.
“EU GERALMENTE FAZIA UM SINAL DA CRUZ, UM PAI NOSSO, PARA CONTROLAR O NERVOSISMO, MAS NAQUELE DIA ESTAVA ALÉM. EU FICAVA PENSANDO NA MARCA DA PISTA EM QUE O VICENTE PASSARIA O BASTÃO PARA MIM”
Edson Luciano
O piauiense Cláudio Roberto, que também fazia parte da equipe, destaca que a medalha foi o resultado final de um projeto: o sonho de chegar e ganhar uma Olimpíada. “Apesar de ter ido como reserva a vida mudou. Você acaba sendo agraciado com patrocínios e dando suporte para continuar com a carreira. Essa foi a grande mudança de tudo”, afirma. Foi através disso que ele conta que hoje é professor de Educação Física e que teve a oportunidade de crescer na vida e ir para o grande centro de atletismo “que era na época, e ainda é”: São Paulo. E hoje, após 20 anos, é que Cláudio afirma estar vivendo as principais mudanças e reconhecimentos ocasionados pela medalha.
A reportagem também tentou falar com os finalistas André e Vicente, assim como com ex-velocista Raphael Oliveira, que pertenciam à equipe, mas não teve sucesso no contato.