Vinte oito das 157 candidaturas ao Executivo nos municípios da região de Presidente Prudente para as eleições 2024 são de mulheres. De acordo com levantamento feito pela reportagem de O Imparcial a partir dos dados do sistema DivulgaCand, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o percentual de representatividade feminina nas candidaturas que buscam o cargo máximo das cidades da região é de 17,83%.
Em 26 dos 53 municípios, há mulheres na disputa pela Prefeitura, porém, apenas em dois o número é superior a uma mulher: em Osvaldo Cruz e Presidente Epitácio. Em ambos os municípios, duas candidatas concorrem ao Executivo. Já nas outras 27 cidades da região, não foram registradas candidaturas femininas, como é o caso de Presidente Prudente. No maior colégio eleitoral do oeste paulista, os seis candidatos ao cargo majoritário são homens.
No entanto, houve aumento de 8% de candidatas em relação ao pleito municipal de 2020, ocasião em que o número de mulheres foi de 18 de 185 candidaturas ao Executivo. Todavia, mesmo com o crescimento da participação feminina na busca pelo comando das prefeituras, o percentual está muito abaixo do que se vê na representatividade feminina no eleitorado, que vai às urnas em outubro. Na região, como noticiado por O Imparcial, 53,21% dos votantes são mulheres.
Para a socióloga Lina Penati Ferreira, doutoranda em Sociologia pela USP (Universidade de São Paulo) e membro da Rede CuiDDe (Cuidado, Direito e Desigualdades) do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), há um conjunto de fatores que explica o número reduzido de mulheres na disputa pelo Executivo municipal. Ela frisa que esse fenômeno não é exclusivo da região. “É a média para todo o país. Em 2024, apenas 15% das candidaturas à Prefeitura nos municípios brasileiros são de mulheres”, destaca a socióloga a partir dos dados disponibilizados pelo TSE.
Segundo Lina, um dos aspectos principais para esta desigualdade é o “teto de vidro”, um limite invisível o qual impede que as mulheres alcancem o topo das hierarquias, seja no mercado de trabalho ou na política institucional. “Ou seja, as mulheres participam da vida política dos seus municípios, no entanto, encontram dificuldades em disputar os cargos que estão no alto da pirâmide da organização política”, constata a especialista.
De acordo com Lina, os padrões de gênero são preponderantes neste cenário desigual, com uma imagem preconceituosa de que mulheres não são competentes para ocupar cargos de chefia ou disputar debates políticos. “Cientificamente, sabemos que não há elementos biológicos ou psicológicos que justifiquem a desigualdade social entre homens e mulheres. O que existe é uma opressão política e histórica contra as mulheres, mas há também fatores objetivos: mulheres trabalham mais do que homens”, pontua. “Segundo o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas], quando somadas as horas de trabalho fora e dentro de casa, as mulheres são mais ocupadas. Nesse sentido, a responsabilidade com as tarefas domésticas e de cuidado obstaculizam a participação das mulheres”, verifica a socióloga.
Ela ainda alerta para a falta de recursos financeiros e sociais disponibilizados pelos partidos e para a violência política de gênero como barreiras adicionais. “As soluções passam por diversos aspectos, desde mudanças institucionais, como a implementação de cotas, até políticas públicas que diminuam a carga de trabalho doméstico e de cuidado das mulheres e campanhas de combate às múltiplas violências de gênero”.
Por fim, Lina destaca a importância da representatividade feminina nos cargos majoritários para garantir um sistema democrático representativo. “Se somos mais de 50% da população e do eleitorado, é justo que sejamos também 50% das representantes nas várias instâncias políticas. Ademais, é importante frisar que essa lógica também se aplica às questões raciais e etárias”, pontua a socióloga. “Garantir a diversidade entre representantes políticos significa ampliar a pluralidade de pautas, temas e agendas. Precisamos de representantes políticos com experiências diversas e interesses múltiplos”, completa.
RELAÇÃO DE CANDIDATAS NOS 53 MUNICÍPIOS DA REGIÃO
Municípios |
Mulheres candidatas: |
Total de candidaturas: |
Adamantina |
0 |
4 |
Alfredo Marcondes |
0 |
2 |
Álvares Machado |
0 |
2 |
Anhumas |
0 |
2 |
Caiabu |
1 |
2 |
Caiuá |
1 |
4 |
Dracena |
1 |
3 |
Emilianópolis |
1 |
2 |
Estrela do Norte |
0 |
2 |
Euclides da Cunha Paulista |
0 |
2 |
Flora Rica |
1 |
3 |
Flórida Paulista |
1 |
3 |
Iepê |
0 |
2 |
Indiana |
1 |
4 |
Inúbia Paulista |
0 |
1 |
Irapuru |
1 |
3 |
Junqueirópolis |
0 |
2 |
Lucélia |
1 |
4 |
Marabá Paulista |
1 |
2 |
Mariápolis |
1 |
4 |
Martinópolis |
1 |
5 |
Mirante do Paranapanema |
1 |
4 |
Monte Castelo |
0 |
2 |
Nantes |
0 |
2 |
Narandiba |
0 |
2 |
Nova Guataporanga |
0 |
2 |
Osvaldo Cruz |
2 |
3 |
Ouro Verde |
0 |
3 |
Pacaembu |
0 |
3 |
Panorama |
1 |
5 |
Pauliceia |
0 |
2 |
Piquerobi |
1 |
1 |
Pirapozinho |
0 |
2 |
Pracinha |
1 |
2 |
Presidente Bernardes |
0 |
3 |
Presidente Epitácio |
2 |
4 |
Presidente Prudente |
0 |
6 |
Presidente Venceslau |
1 |
6 |
Rancharia |
1 |
6 |
Regente Feijó |
0 |
2 |
Ribeirão dos Índios |
1 |
2 |
Rosana |
1 |
4 |
Sagres |
0 |
2 |
Salmourão |
1 |
2 |
Sandovalina |
1 |
2 |
Santa Mercedes |
0 |
3 |
Santo Anastácio |
0 |
5 |
Santo Expedito |
0 |
3 |
São João do Pau d'Alho |
0 |
2 |
Taciba |
1 |
3 |
Tarabai |
0 |
4 |
Teodoro Sampaio |
1 |
4 |
Tupi Paulista |
0 |
3 |
TOTAL |
28 |
157 |
Fonte: DivulgaCand/TSE
Foto: Cedida
Lina: “Garantir a diversidade entre representantes políticos significa ampliar a pluralidade de pautas, temas e agendas”