Cerca de 200 pessoas se reuniram em frente ao prédio do Fórum de Pirapozinho na tarde de ontem, vestidos de preto e munidos de faixas e bandeiras pretas, em forma de protesto sobre a suposta compra de votos do prefeito reeleito, Orlando Padovan (DEM), que teve destaque nas urnas neste domingo. Além disso, a cidade ficou tomada por pessoas com camisas vermelhas, o que caracteriza a uniformização de eleitores e campanha no dia da votação, o que é considerado crime.
Um advogado e 15 representantes do protesto entraram no Fórum para conversar com o promotor Marcelo Gonçalves e registrar a queixa, testemunhar o fato e apresentar possíveis provas, no intuito do MPE (Ministério Público Estadual) mover uma ação contra Padovan.
![Marcio Oliveira Jornal O Imparcial](https://www.imparcial.com.br/site/wp-content/uploads/2016/10/protesto-eleio-pirapo-2.jpg)
População pede que prefeito reeleito seja investigado
"Estamos todos indignados e viemos cobrar uma posição da Justiça para rever este caso. Todos vimos o mar vermelho que se tornou esta cidade, nas eleições, inclusive nas escolas. Temos fotos, vídeos e testemunhas sobre a venda de votos", comenta Laís Carla de Lima Lopes, 28 anos, integrante do grupo de manifestantes. Ela diz ainda que o movimento não foi maior, porque se tratava da tarde de uma segunda-feira, horário em que muitos estão no trabalho. "Pedimos justiça. Se for necessária nova eleições, que assim seja. Só queremos justiça", destaca.
O advogado Rogério Ferreira já tinha um horário marcado com o promotor, às 14h, para tratar o mesmo assunto. "A eleição é um ato de democracia e deve ser livre. Tivemos uma quebra da legislação eleitoral. Isso já ocorreu em outros anos. É um grande desrespeito. O povo está cansado, mas, infelizmente, muitos se vendem", declara. Entre as denúncias também tem a distribuição de bebidas para cativar eleitores. "O próprio promotor passou pelas escolas e pode conferir o que falamos", relata.
A autônoma Lucimeire Rodrigues, 32 anos, disse que seu marido recebeu R$ 60 para abastecer o carro em troca de seu voto. "Uma pessoa ligada a Padovan o procurou e disse que daria o dinheiro, caso votasse nele. Sei de muitos outros casos iguais", frisa.
O filho da vendedora ambulante Maria Melo, 37 anos, é excepcional. Ela diz que o rapaz, 18 anos, chegou a vender o voto por R$ 100, R$ 50 pagos antes e R$ 50 depois, caso o candidato fosse reeleito, e ela diz não aprovar a atitude. "Não aprovo isso. Os R$ 50 restantes foram pagos nesta segunda-feira", comenta.
Promotoria
Com base nas testemunhas e nos materiais apresentados, a Promotoria de Justiça Eleitoral de Pirapozinho instaurou procedimento preparatório eleitoral para apuração a respeito da grande concentração de pessoas com vestimenta aparentemente padronizada perante dois pontos de votação em Pirapozinho, no domingo; fato que indicia, em tese, possível captação ilícita de votos e abuso de poder econômico, entre outros ilícitos.
"Nesta tarde houve manifestação pacífica perante o prédio do Fórum local a respeito dos mesmos fatos. Alguns dos manifestantes, bem como advogados representantes de candidato, foram recebidos para esclarecimentos a respeito das providências tomadas", explica Marcelo Gonçalves.
Padovan
Procurado pela reportagem, o prefeito afirma que "não comprou votos e que as acusações são caluniosas", oriundas da oposição. "O voto se conquista. Apresentamos nosso plano de governo, visitamos bairros, residências e pedimos votos para as pessoas. Não compramos nada. Jamais comprei, até porque, é crime, e não quero me comprometer com a lei por conta disso", relata.
O chefe do Executivo diz ainda que não autorizou nem distribuiu as camisas aos eleitores. "São denúncias infundadas. Já é um costume, durante as eleições, o povo se vestir de amarelo ou vermelho. No aniversário da cidade isso também é feito. Não pedi e não paguei ninguém por isso", se defende o prefeito reeleito.