A Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) divulgou na quarta-feira um estudo sobre a mortalidade por aids no Estado de São Paulo, no período entre 1985 e 2015, com informações do Registro Civil. De acordo com as informações do ano mais recente, a 10ª RA (Região Administrativa) do Estado é a quinta com menor taxa de mortalidade pela doença para cada 100 mil habitantes, entre todas as 16 RAs.
Foram 49 mortes no ano, o que resultou em 5,77 óbitos para cada 100 mil habitantes. O menor indicador é de Itapeva, com 13 falecimentos por aids e taxa em 2,49. Já o maior índice é de Santos, onde foram 165 mortes, o que dá uma média de 9,43 por 100 mil habitantes.
Testes rápidos para DSTs hoje trazem resultados em 15 minutos
Em números absolutos da série histórica dos últimos 30 anos, a região de Presidente Prudente teve 1.265 mortes por aids. Nos primeiros períodos, de 1986 a 1989, as quantidades de falecimentos eram bem baixas, de 3 a 9, número que foi crescendo nos anos seguintes, indo para 17 em 1990, e 25 em 1991. A partir de 1993 e até 2015 os indicadores têm permanecido entre 40 e 50 óbitos/ano, aproximadamente, variando pouco esse patamar. Só na cidade de Prudente, especificamente, foram 580 mortes de 1985 a 2015.
Adesão ao tratamento
Segundo o coordenador do Programa DST/Aids, em Prudente, Jefferson Saviolo, hoje há uma oferta maior de testes para doenças sexualmente transmissíveis, o que possibilita diagnósticos precoces de infecção pelo vírus HIV, promovendo um tratamento antes da evolução da doença. "Antes a pessoa vinha e precisava esperar 30 dias por um resultado, que agora sai em 15 minutos", esclarece. Além disso, não há necessidade de agendar o atendimento para fazer os testes, e basta ir até uma unidade básica de saúde do município ou ao próprio DST/Aids para efetuá-lo de forma gratuita.
Algo que também mudou com o tempo foi o tratamento do paciente infectado, que chegava a tomar coquetéis de 15 remédios anos atrás, e hoje, por conta da coformulação de drogas, pode ingerir dois comprimidos inicialmente, facilitando a adesão ao tratamento e evitando óbitos. "Acredito que a estruturação dos Saes em termos de acolhimento e diminuição do estigma, contribui para que o paciente soropositivo faça o tratamento de forma efetiva", declara.
A psicóloga da APPA (Associação Prudentina de Prevenção à Aids), Jéssica Dayane Diana Sabino, por sua vez, lembra que entre 2010 e 2015, a população que vive com a doença no Brasil passou de 700 mil para 800 mil pessoas, o que totaliza 15 mortes por ano. Sozinho, o Brasil conta com 40% das novas infecções de aids da América Latina. "No Estado de São Paulo, onde há uma grande população, sabemos que os índices de contaminação são maiores, por isso, chama a atenção o baixo foco de mortalidade", diz. Ela atribui o indicador a uma adesão maior dos infectados à terapia retroviral e ao uso constante dos medicamentos.
"Outro fator importante é que por mais que a pessoa tenha o HIV, a causa da morte pode ser tuberculose, pneumonia, ou outra doença oportunista do vírus", esclarece Jéssica. Atualmente, a organização da sociedade civil realiza um trabalho de reinserção econômica das pessoas que vivem com aids na sociedade, oferecendo atividades variadas que incluem treinamento funcional, oficinas de inglês e teatro, encontros mensais com assistente social, além da disponibilização de uma cesta básica mensal.
Mortalidade por aids por RA do Estado de São Paulo
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Região Administrativa
|
Óbitos por aids
|
Taxa de mortalidade por aids (por 100 mil habitantes)
|
Santos |
165
|
9,43
|
Barretos |
39
|
9,09
|
São José dos Campos |
175
|
7,34
|
São José do Rio Preto |
106
|
7,11
|
Bauru |
71
|
6,51
|
Franca |
46
|
6,28
|
Registro |
17
|
6,28
|
Araçatuba |
47
|
6,18
|
Ribeirão Preto |
80
|
6,03
|
Sorocaba |
142
|
5,88
|
São Paulo |
1184
|
5,79
|
Presidente Prudente |
49
|
5,77
|
Central |
56
|
5,65
|
Campinas |
323
|
4,87
|
Marília |
42
|
4,37
|
Itapeva |
13
|
2,49
|
Fonte: Fundação Seade |
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