“Vidas negras importam” e resistem

OPINIÃO - Larissa Costa

Data 12/06/2020
Horário 04:21

Nas últimas semanas, acompanhamos nos noticiários a onda de protestos que iniciou-se nos Estados Unidos, e ecoou no mundo todo, inclusive em várias cidades brasileiras. Esses atos nos fazem recordar da intensa e inconclusa marcha pelos direitos humanos que acompanha a história da humanidade, e que não pode permanecer contida e sufocada por mecanismos de desumanização e intolerância em razão da raça.

A morte brutal de um cidadão americano, pela polícia, desnuda o contexto de violência e negação de direitos impostos aos corpos negros e à natureza estrutural do racismo. O combate às práticas discriminatórias exige ações coordenadas e direcionadas ao compromisso coletivo na consolidação de uma sociedade justa e solidária, uma vez que a cidadania só se efetiva com a liberdade em poder ser considerado sujeito de direitos. Não obstante o avanço nas leis de combate à discriminação racial no Brasil, o racismo se apresenta “como um emaranhado de sutilezas” (Beatriz Nascimento) e no momento em que vivemos, é importante reafirmar a sacralidade da vida e o compromisso do Estado e da sociedade em proteger a dignidade humana, conforme expresso na Constituição Federal.

Compreender que o racismo é estrutural nos torna ainda mais responsáveis pelo combate às práticas discriminatórias

Assim, não há desfechos individuais no combate ao racismo, as saídas são coletivas, e exigem um compromisso de todos. O racismo enquanto elemento estruturante da nossa sociedade não retira a responsabilidade individual sobre a prática de condutas racistas, pelo contrário, compreender que o racismo é estrutural nos torna ainda mais responsáveis pelo combate às práticas discriminatórias.

Não é apenas por George Floyd. A solidariedade transnacional negra ganha nova lutos locais. O combate ao racismo estrutural e as formas simbólicas e físicas que dele provém, nos exige compromisso com as vidas ceifadas pela impetuosa brutalidade que o racismo impõe. E para não perder, ainda mais vidas, unidos pelo compromisso na proteção da vida e na busca por igualdade, resistimos. A mudança na sociedade não se faz apenas com notas de repúdio e hashtag nas redes sociais, o combate ao racismo nos exige comprometimento com práticas antirracistas.

 

 

 

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