Quem já passou dos 50 ainda deve se lembrar de nomes como Ted Boy Marino, Fantomas, Mulher-Leopardo, King Kong, a Múmia Invencível. Inicialmente chamado de “Telecatch”, foi um programa de televisão que surgiu inicialmente na extinta TV Excelsior nos anos 60 e que depois passou por outras emissoras como a Globo, TV Record e Bandeirantes, e chegou a ter outros nomes como “Gigantes do Ringue”, “Astros do Ringue” e “Reis do Ringue”. Nada mais era do que um espetáculo televisionado de combates de luta-livre que combinavam encenação teatral, combate coreografado e uma boa dose de circo, em que invariavelmente o lutador vilão espancava o mocinho por vários rounds até ser surrado e nocauteado no final. O público ia ao delírio num misto de empolgação e humor, com as papagaiadas levadas ao ar. O principal astro foi o loiro Mário Marino, o Ted Boy, que chegou a ser integrante da primeira formação dos Trapalhões, mas outros nomes fizeram história como Michel Serdam, Aquiles, o Matador, Tigre Paraguaio, Mongol e Verdugo.
“A cristaleira é minha! ”
Quando parte o último avô ou avó e a casa se fecha, encerra-se um ciclo de histórias afetuosas e reminiscências das gerações que permanecem. Os vínculos que se construíram ao longo das décadas ilustram bem a forma que o processo de encerramento do ciclo familiar ocorre. Nem sempre a família se afasta com a morte dos pais idosos, mas vários outros núcleos familiares dos seus descendentes passam a ser prioridades isoladas. Outras vezes, antes mesmo da partida do ente idoso, ocorre uma fragilização dos vínculos, onde mágoas, egos e conflitos temperam o drama familiar. Poucos se solidarizam nos cuidados e atenções no lidar com o idoso, particularmente, quando há limitações e dependências. Contudo há uma tendência de todos assumirem ares de protagonistas na hora da divisão dos bens. E isto não ocorre apenas nas grandes heranças, ou disputas de propriedades. As pequenas guerrilhas ocorrem pelas mais insignificantes questões: “Ah, essa colcha, a mamãe disse que era minha”. “Foi eu quem deu este jogo de jantar para a vovó, é natural que fique comigo”. “Fulano nem visitava a mãe, agora quer ter direito a tudo”. “Beltrana acha que só porque morava com a mãe, tudo agora é dela”. “Vivia nas custas do vovô a vida toda e ainda quer ficar com tudo”. Os argumentos são múltiplos e todos eloquentes e sempre justificados pelas óticas individuais do próprio umbigo.
Pode parecer piegas, dizer que é preciso aproveitar os avós e idosos enquanto ainda estão conosco. É piegas, mas básico e fundamental. Impregnar-se dos cheiros, presenças e situações. Impressões estas que não se quebram como xícaras de chá, nem se esvaziam de valor quando as velhas colchas se amarelam com o tempo, ou a tão sonhada cristaleira fica empoeirada num canto esquecido da casa. Permita-se a afagar.
Dica da Semana
Livros
“Lidando com as minhas dores crônicas”:
Editora Tapsi. Autor: Adriana Loduca. A autora traz reflexões com o objetivo de auxiliar as pessoas a encontrarem seus próprios caminhos na convivência com dores crônicas. Não se trata de um guia de terapêutica especializada, mas sim, formas práticas de lidar e conviver com a dor.