O programa “Só o Amor Constrói” tinha como objetivo mostrar a trajetória de personalidades e artistas e os bastidores da vida de famosos através de depoimentos de familiares, amigos e colegas. Com apresentação dos jornalistas Heron Domingues (o Repórter Esso da TV) e Marisa Raja Gabaglia, o primeiro programa foi ao ar em 6 de janeiro de 1973, aos domingos às 20h, com o objetivo de substituir Chacrinha que tinha se transferido para a TV Tupi; e teve Francisco Cuoco como convidado, então em evidência pelo sucesso de “Selva de Pedra”. O segundo entrevistado foi o tenente Caldas famoso por resgatar as vítimas do Edifício Andraus e se seguiram Moacyr Franco, Emerson Fittipaldi, Dina Sfat, Procópio Ferreira, a vedete Virgínia Lane dentre outras celebridades. Apesar do relativo sucesso, só durou o primeiro semestre de 1973, sendo substituído pelo “Fantástico”.
“Etarismo no cinema e TV”
O etarismo ou idadismo é o preconceito social relacionado à idade e ele pode ser evidenciado também nas mídias. A forma que um segmento é representado nas artes pode também influenciar o comportamento de uma sociedade, e de outro lado, reflete também o que se processa em diversos segmentos sociais. Apesar das mudanças, os idosos continuam a ser sub-representados nas telas do cinema e programas de televisão, geralmente ocupando personagens irrelevantes ou de apoio aos núcleos principais, e muitas vezes em papéis estereotipados de rabugento, fofoqueiro e maledicente. Observa-se atualmente uma nítida mudança na representatividade racial nas telenovelas (com a raça negra muito melhor representada do que décadas atrás), mas o mesmo não se pode dizer do idoso. O idoso é no mundo imaginário da teledramaturgia ainda mais escondido do que na vida real, pois é numericamente inexpressivo. E isto não ocorre só no Brasil: dois estudos ilustram bem a sub-representação dos idosos na mídia. Nos Estados Unidos apenas 1,5% dos personagens de televisão são de idosos, e geralmente secundários, com fins humorísticos ou com personagens que salientavam ineficácia física, cognitiva e sexual. Um outro estudo na Alemanha mostrou que somente 8,5% dos personagens principais eram de pessoas idosas. No cinema, também há uma interação entre sexismo e etarismo. Um estudo em Hollywood mostrou que quanto mais as mulheres envelhecem, menor é a participação nos diálogos. Entre 22 e 31 anos são responsáveis por 38% dos diálogos, e dos 42-65 participam apenas de 20% dos diálogos dos filmes, e a partir dos 65 anos apenas 3%. Na Rede Globo atualmente, poucos personagens são representados por atores com mais de 60 anos nas telenovelas no ar e raramente em posições de destaque.
Dica da Semana
Livros
“Envelhecer é para as fortes”:
Helena Celestino. Editora Record. Subtítulo: As pioneiras que resistiram à ditadura lutaram por um novo jeito de ser mulher e agora reinventam a velhice. A trajetória de oito mulheres do Círculo de Mulheres Brasileiras, grupo feminista criado em Paris em 1970 com experiências do exílio, as descobertas do ativismo e as reinvenções necessárias ao longo da vida.