"Show do Piuí"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 05/10/2021
Horário 07:00

Presidente Prudente e região já tiveram seu show televisivo infantil próprio. A Band Prudente apresentou no início da década de 1990 (entre 1991 e 1993), diariamente às 13h, o “Show do Piuí”. No palco, o palhaço Piuí apresentava atrações variadas locais: gincanas e jogos, cantores e duplas regionais e shows artísticos diversos, com a participação de crianças e grupos escolares da cidade. O show contava com minibailarinas que acompanhavam as músicas, as piuítas e o carisma do personagem Piuí, interpretado pelo prudentino Luiz Maurício Néspoli, hoje afastado da vida artística e conceituado advogado da cidade. Apesar da boa audiência e repercussão local, a emissora não investiu muito na atração que acabou saindo da grade para decepção dos fãs regionais. Alguns vídeos do programa estão disponíveis no YouTube para matar as saudades e rever a simplicidade da infância há 30 anos.

“Etarismo coloquial”

O etarismo é a discriminação geracional ou o preconceito pela faixa etária, podendo ser aplicada a qualquer idade, mas geralmente mais relacionada a adolescentes e principalmente idosos. A discriminação etária ao envelhecimento determina implicações sociais e econômicas, com tendências pré-concebidas de que idosos são lentos, fracos e dependentes. Além disso, há uma natural associação do envelhecimento a aspectos negativos estéticos, como se a juventude eterna fosse possível. Muitas frases preconceituosas etárias são usadas no dia a dia geral e, muitas vezes, nem soam agressivas como deveriam. Quem nunca ouviu ou disse: “Nossa, como você está conservado. Nem aparenta a idade que tem”. Ou então, algo comparativo como: “Você deve ter sido muito bonita quando jovem”. Desta forma, dá-se a impressão de que a beleza só é possível ao jovem, e que alguém parecer belo estando idoso é algo espantoso (imagine alguém dizer a frase: Você deve ter sido muito bonita quando era magra. Não soa deselegante e mal-educado?). Além das questões de beleza, o etarismo também se evidencia em frases usadas para o vestuário: “Você não tem mais idade para usar isso. Está querendo dar uma de cocotinha. O coroa acha que é garotão”. Geralmente soltamos essas pérolas, quando vemos uma pessoa de mais idade com roupas mais curtas, ou de cabelos longos, franjas ou com comportamentos ou atitudes que são esperadas para a juventude e não para idosos. Como se o direito de se usar o que quer, fosse retirado com o passar dos anos. Por outro lado, perguntar a idade ficou ofensivo, porque se procura ocultar a idade diante de uma sociedade que valoriza o jovem: “Desculpe perguntar, quantos anos você tem?”. Oras, desculpar por quê? Tem mais é que bater no peito e dizer assumidamente a idade e não ocultá-la para se fingir mais jovem. Da mesma forma, muitas frases são ditas quando há desproporção de idade entre casais: “Ela tem idade para ser a mãe dele. Ela só está com ele para dar o golpe do baú. Aquele velhote acha que só porque tem dinheiro pode pegar garotinha”. Afinal, se duas pessoas resolvem ter um relacionamento, por que temos que menosprezar a sintonia entre eles e achar que tudo tem que ter um motivo financeiro? Pior ainda, é quando o idoso está ativo e dinâmico e se autointitula “jovem de espírito” ou “de coração”.  

Dica da Semana

Documentário / Streaming

“Quanto Tempo o Tempo Tem”:
Brasil. 2016. Direção: Adriana Dutra e Walter Carvalho. Os diretores direcionam os entrevistados sobre uma análise do tempo e suas opiniões acerca do tema. O passar das horas, os questionamentos sobre a falta de tempo no mundo contemporâneo e reflexões sobre civilização e o futuro da existência humana. Disponível na plataforma Netflix. 
 

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