O Imparcial dá sequência hoje a uma série de entrevistas com os candidatos a prefeito de Presidente Prudente. A partir de um sorteio realizado com representantes dos concorrentes, foram decididas as datas das entrevistas, que ocorreram entre os dias 1º e 9 de outubro, e as datas das publicações, sempre às terças e quintas-feiras, entre 13 e o dia 29 de outubro. A entrevista de hoje é com o candidato Guilherme Piai, do PSL (Partido Social Liberal), que aos 30 anos busca a eleição ao lado de Neyla Pinheiro, nome escolhido para ocupar o cargo de vice-prefeita.
Para esta sabatina com os candidatos foram acordadas oito perguntas, sendo seis delas iguais para todos e outras duas que devem levar em consideração as experiências sociais e políticas do candidato. Solteiro e com ensino superior completo, Guilherme segue com o partido isolado, sem composição de coligação. Confira a entrevista:
Caso receba a confiança do eleitorado prudentino para ocupar a cadeira, qual deverá ser o projeto carro-chefe dentro do seu plano de governo?
O eleitorado pode confiar em mim sim, pois eu visitei 18 cidades para fazer meu plano de governo. Não estou mentindo ou enganando o povo como a maioria dos candidatos. Tudo o que eu falar eu vou mostrar como eu vou fazer e provar onde já existe. Nosso carro-chefe é o desenvolvimento econômico, oportunidade aos nossos jovens, geração de emprego e renda, incentivo aos comerciantes, uma Prefeitura enxuta, com menos mordomias, e com pessoas técnicas e preparadas. Além disso, um projeto anticorrupção, e também trabalhar pelo povo, ser candidato para ser funcionário do povo de Prudente.
Os alagamentos no Parque do Povo são um problema frequente no município. Em julho deste ano, um empréstimo no valor de US$ 46,8 milhões foi aprovado junto ao Fonplata (Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata) e o processo, entre outros fatores, depende agora da contrapartida de 20% acordada em contrato. Se eleito, pretende dar andamento às negociações com o Fonplata? Como pretende viabilizar as obras para sanar esse problema tão antigo na cidade?
O Fonplata é uma prova da incapacidade administrativa de Presidente Prudente. O financiamento não tem taxa de juros pré-fixada, é um contrato em dólar, e quem faz empréstimo em dólar quebra, e o prefeito fala que é para resolver o problema. Mas, por que o promotor multou a Prefeitura em quase R$ 500 mil? Porque até hoje não foi apresentado um projeto para ele. Por que não levaram o projeto até o promotor? US$ 46 milhões de dólares são quase R$ 230 milhões aproximados, a Prefeitura vai ficar com um índice de endividamento gigantesco. Não tem nada pré-fixado, isso é uma vergonha. O problema do Parque do Povo é a vazão da água. Na praça ao lado do estacionamento do Prudenshopping há um bolsão onde se acumula água, que chega por duas bocas gigantes e sai por uma boca minúscula. A vazão da água não dá conta e o bolsão enche. Precisamos resolver esse problema através de um projeto, captação de recursos, pois não é uma obra barata e precisamos de um corpo técnico. Tenho o maior partido do Brasil para captar recursos para essa obra que precisa ser realizada.
Há relatos de empresas que desistem de se instalar em Presidente Prudente ou até mesmo migram para municípios ou Estados vizinhos por alegarem falta de incentivo fiscal. Isso, além de prejudicar a arrecadação do município, consequentemente tem impactos na geração de empregos e em toda a cadeia produtiva. Quais serão as propostas para que empresas se sintam atraídas a virem ou permanecerem em Prudente?
Primeiro passo é parar de atrapalhar quem quer trabalhar. Hoje, são cinco a seis meses para tirar um alvará de funcionamento, temos pilhas de processos de empresas que querem abrir, pagar impostos e gerar empregos e a Prefeitura não deixa. Vamos digitalizar todos os processos da Prefeitura, ela será online e 24 horas disponível para os cidadãos. Teremos uma incubadora municipal para dar suporte para todos que querem abrir um negócio. Temos uma equipe com advogados, administrador, contador, vamos fazer o plano de negócios e ajudar a buscar recursos. Aqui temos o Banco do Povo, entre outros, e precisamos de articulação política. O prefeito de Presidente Prudente tem que ser líder, pois a região toda depende de Prudente, precisamos trazer todos os prefeitos para perto, sem ego ou politicagem, ir falar com o governador que mandou presídios, pedágios e pobreza para a região de Prudente, e perguntar como ele vai nos compensar. Não temos um líder na região que faz isso hoje sem ego. E também tem a parte do ISS (Imposto Sobre Serviço), que hoje é de 5%, a alíquota máxima, enquanto que em Regente e Pirapozinho é de 3%. A empresa anda 10 ou 20 km e economiza 40%. Então, temos que, de forma gradativa e séria, enxugar a máquina e por o saldo da Prefeitura no azul.
Prudente, ao longo dos anos, ainda não conseguiu encerrar as atividades do aterro sanitário. Enquanto isso, a atual gestão aposta no Cirsop (Consórcio Intermunicipal de Resíduos Sólidos do Oeste Paulista) para reverter a problemática dos resíduos urbanos. Como pretende resolver a primeira questão e levar adiante a segunda?
O consórcio não saiu do papel. O lixão foi encerrado em 2016 e vários políticos estavam lá. Vieram R$ 15 milhões para resolver o problema do lixão e fazer um aterro, e não foi feito, e me pergunto: ondes estão os R$ 15 milhões? Hoje Prudente gera mais ou menos 200 toneladas de lixo por dia que são jogadas no lixão de forma irregular. O local está em cima de quatro nascentes que dão origem ao Rio Mandaguari. Nesses quatro anos, de 2016 até 2020, serão 300 mil toneladas de lixo a mais sendo depositadas de forma irregular, por isso que o juiz mandou encerrar as atividades e colocou uma multa mensal. Isso é um crime. A Prefeitura age com o lixo de uma maneira burra, porque hoje o lixo é um passivo ambiental para a cidade, mas ele na realidade é um ativo se usarmos de forma inteligente. Queremos diminuir um pouco da taxa de limpeza pública do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) para incentivar a população a fazer a separação seletiva do lixo. Vamos criar novas cooperativas nas zonas sul, norte, oeste, para que possamos vender todo o reciclado, que não pode ser enterrado. E os resíduos sólidos vão ter uma composteira que pega todo esse resíduo e transforma em adubo. Todo o nosso passivo pode ser ativo e vale dinheiro, vamos fazer dinheiro com isso.
O que o senhor promoverá, no âmbito financeiro, para equilibrar os cofres públicos?
Tenho estudos feitos por ex-professores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) nos últimos oito anos da situação financeira da Prefeitura. Hoje, o orçamento dela é de R$ 730 milhões, enquanto que o previsto para o ano que vem é de R$ 784 milhões. 54% da arrecadação da Prefeitura são de impostos municipais e 50% de transferências correntes, que vêm dos governos federal e estadual. A Prefeitura hoje está endividada, ela tem dívidas consolidadas no balanço patrimonial, o que é uma vergonha. A folha de pagamento está em mais de 50%. Não sobra dinheiro para o povo, é uma máquina inchada, temos 17 secretarias e vou diminuir para nove. Temos quase 200 comissionados e vou diminuir para 80, temos 700 carros oficiais e vou diminuir para 70, temos 388 prédios públicos municipais e pagamos aluguéis para secretarias, vamos cortar isso. A iluminação de LED que é 80% mais barata vai estar nos postes públicos. A Prefeitura paga milhões de conta de energia e não foi atrás de uma energia fotovoltaica e renovável. Hoje se você faz um financiamento, a parcela é mais barata do que a conta de energia. Fora isso, vamos criar um mecanismo para receber as dívidas ativas da Prefeitura, que tem R$ 1,3 bilhão de dívidas para ser recebida e não tem ninguém correndo atrás disso hoje. E com o projeto anticorrupção vamos resolver o problema financeiro da Prefeitura.
Um dos seus projetos apresentados à população propõe a implantação da primeira escola cívico-militar em Prudente. Por que investir nesse modelo e quais os seus diferenciais em relação à escola convencional?
A escola cívico-militar tem muitos mitos e paradigmas sobre ela. Primeiro que muitas pessoas falam é que os militares vão tirar o emprego do diretor e professor, o que é mentira. O militar entra na parte administrativa da escola. Eles darão suporte e segurança. Hoje tem professores que são humilhados na sala de aula. O professor gasta 25% do tempo chamando a atenção de alunos. Então, os militares vão dar suporte e segurança e vão ensinar disciplina e valores, que é o que os alunos precisam para enfrentar a vida e o mercado de trabalho. Onde existem essas escolas as notas do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) são recordes, notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) são maravilhosas, tem fila para os pais colocares seus filhos, o projeto é maravilho e é possível sim. Faremos em Prudente, não é caro, vamos revolucionar. Fora tudo isso, ela melhora a segurança do bairro e da escola, diminui os índices de criminalidade e venda de drogas na porta das escolas. Será bom para o jovem, bairro, família e professor.
O senhor já esteve à frente da organização da Expo Prudente, tradicional evento de agronegócio na região. Caso seja eleito, quais são seus projetos para este segmento, que é um dos carros-chefes da economia regional?
Eu, com muita honra, fiz a Expo Prudente do ano passado, e ninguém queria fazer. A Prefeitura não incentivou de maneira alguma, e trabalhamos com a iniciativa privada, diminuímos o preço do camarote, da cerveja, e nunca na história da Expo tivemos tantas empresas lá dentro. Fizemos uma Expo nova, com uma megaestrutura. O ramo de eventos e turismo em Prudente não é incentivado. A Prefeitura tem muitas burocracias que atrapalham. O evento traz injeção de capital externo para a economia. Eu sou do ramo de entretenimentos, alguns dos eventos que eu faço lotam hotéis, pessoas comem nos nossos restaurantes e o dinheiro fica na nossa economia. Hoje, 85% das pessoas que vêm para cá ficam apenas um dia, precisamos fazer com que as pessoas fiquem mais tempo aqui, diminuindo burocracias, diminuindo ISS para feiras, pois vamos incentivar que produtores de eventos movimentem nossa economia.
Por qual razão o eleitor deve colocar a máquina pública em suas mãos?
Eu mereço, porque eu amo Prudente, me preparei a vida toda para estrar aqui hoje e não estou brincando. Tudo o que eu falo, eu mostro como vou fazer e Prudente merece um administrador, a gente não pode dar um avião para alguém pilotar sem o curso de piloto. Precisamos de alguém que saiba gerir. Eu falo para a população votar em alguém que ela daria sua empresa para administrar. Eu vou me cercar de pessoas boas tecnicamente e preparadas. Não devo nada para ninguém, vamos trabalhar por quem mais precisa. Vamos usar a Prefeitura para trabalhar pelo provo de Prudente. Seremos funcionários do povo, e as pessoas vão subir a rampa junto com a gente.
Calendário de divulgação das entrevistas feito por meio de sorteio
13 de outubro
- Nelson Roberto Bugalho (PSDB)
- Glauco José Bazzo (PTC)
15 de outubro
- Juliano Borges (Podemos)
- João Felício Figueira (PRTB)
20 de outubro
- José Lemes Soares (PDT)
- Luís Valente (PT)
22 de outubro
- Marcos Lucas (Avante)
- Ed Thomas (PSB)
Hoje
- Fábio Sato (MDB)
- Guilherme Piai (PSL)
29 de outubro
- Laércio Alcântara (DEM)
- Paulo Lima (PSD)
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