“Salve-se quem puder”

EDITORIAL - DA REDAÇÃO

Data 26/03/2023
Horário 03:39

Por mais que o assunto pareça batido, ele continua causando muitos transtornos e sofrimento. Muitos parecem minimizar as consequências nefastas causadas por uma doença que é transmitida por um inseto minúsculo. Há quem enxergue tamanho problema de forma banal, afinal, está aí há tantos anos, que parecem já ter se acostumado com ele. No entanto, a dengue continua fazendo vítimas fatais. Como mostrado nas últimas edições deste diário, a região inteira está em alerta com o aumento no número de casos da doença, que tem vitimado pessoas de todas as idades.
Para se ter ideia do tanto de tempo que a problemática se arrasta, conforme o Instituto Fiocruz Minas, o Aedes aegypti surgiu na África (provavelmente na região nordeste) e de lá se espalhou para Ásia e Américas, principalmente através do tráfego marítimo. No Brasil, chegou durante o século 18, provavelmente nas embarcações que transportavam escravos (os chamados navios negreiros), já que os ovos do mosquito podem resistir, sem estar em contato com a água, por até um ano. Há referências de epidemias de dengue em 1916, em São Paulo, e em 1923, em Niterói, ambas sem diagnóstico laboratorial.
No fim da década de 60, o Brasil novamente contava com a presença do vetor em suas principais metrópoles. Em 1967, Leônidas Deane detectou o A. aegypti na cidade de Belém (provavelmente trazido do Caribe em pneus contrabandeados). Em 1974, o mosquito já infestava Salvador, chegando ao Rio de Janeiro novamente no final da década de 70. 
A partir de 1980, foram notificadas epidemias em diversos países. A primeira epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista (Roraima). Ou seja, de lá para cá, campanhas, ações de conscientizações, mutirões, enfim, tudo tem sido feito para controlar este imenso problema, que é causado por um inseto minúsculo. Ocorre que enquanto houver pessoas inertes, que deixam de fazer a sua parte, contribuindo para a proliferação do mosquito-vetor, o cenário tende a piorar, como temos presenciado ano após ano. Enquanto não houver uma conscientização em massa, com ações na prática, continuará esse “salve-se quem puder”.

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