"Rainha da Sucata"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 15/10/2024
Horário 08:00

Um dos grandes sucessos da TV foi relançado pela plataforma Globoplay: “Rainha da Sucata”, novela das 20h30 exibida em 1990 em plena Era Collor, e numa fase em que a Globo perdia público para a TV Manchete com a exibição de “Pantanal”. Apesar dos atropelos iniciais, a novela foi um tremendo êxito, contando a história de Maria do Carmo (Regina Duarte), uma empresária que fica rica no ramo da sucata e que sofria para se infiltrar no mundo dos ricos, particularmente, pelas ações da esnobe Laurinha Albuquerque Figueroa (Glória Menezes), madrasta de seu grande amor Edu (Tony Ramos). O personagem de maior apelo popular foi Dona Armênia (Aracy Balabanian), uma senhora armênia que trocava os artigos das palavras, protegendo “seus três filhinhas” e querendo invariavelmente colocar a prédio da sucateira na chón, porque julgava ser dona do terreno. O elenco primoroso contava com Antônio Fagundes, Renata Sorrah, Daniel Filho, Marisa Orth, Cláudia Raia, Maurício Mattar, além dos inesquecíveis Nicette Bruno, Gianfrancesco Guarnieri, Lolita Rodrigues, Raul Cortez, Flávio Migliaccio, Paulo Gracindo dentre outros. 
    
“Sempre é hora de se dar um salve!, aos professores”

O sucateamento da profissão de professor foi evidente ao longo das últimas décadas. Do posto de uma das profissões mais bem pagas e respeitadas na hierarquia social, o professor encontra hoje inúmeros novos desafios, como a redução progressiva de salários, o aumento das jornadas de trabalho e a nítida perda da autoridade que tinha dentro da sala de aula, e que lhe era entregue por uma sociedade bastante diferente dos tempos atuais. Antigamente, a escola era encarada como uma segunda casa e o professor era como se fosse uma espécie de pai, de mãe, ou ao menos, uma figura de autoridade e existia mais respeito. O professor era a autoridade do conhecimento e o aluno ali chegava como uma folha em branco que deveria ser preenchida. Hoje, sua competência é questionada, e este aluno já chega com a folha bem preenchida de informações vindas das redes sociais e das transformações tecnológicas ocorridas no mundo. Se também questionamos hoje a figura do professor em épocas mais remotas, que não podia ser questionado, e abusava dos castigos com palmatórias e ajoelhar-se nas sementes de milho, hoje nos compadecemos, dos professores acuados, impossibilitados de defesa, diante de uma sociedade que incute direitos, não impõe limites e passa pano para crianças e adolescentes agressivos que acuam professores em seus ambientes de trabalho. Obviamente não é um cenário de guerra em todas as realidades, pois a democratização do ensino permitiu que alunos passassem a perguntar, questionar ensinamentos, permitindo uma convivência que pode sim ser geradora de produção de conhecimentos. Para isto, é necessária uma parceria entre escola e comunidade, para que o professor não seja vítima da violência urbana que avançou para as escolas, mas também possa colaborar não apenas com ensinamentos técnicos, mas sim noções de convivência, cidadania, respeito e inclusão social, questões tão necessárias para o mundo contemporâneo. Não existe mais espaço para a velha figura da professora amedrontadora, mas também é necessário não permitir que se criem espaços de acuação, onde a figura do professor figure como um inimigo a ser posto na toca. Que o autoritarismo seja mudado para a promoção da ordem, e que o temor seja substituído pelo respeito.  

Dica da Semana

Filmes – Streaming 

“Minhas Tardes com Margueritte”: 
(La Tête en Friche). França. 2010. Direção: Jean Becker. Elenco: Gérard Depardieu, Gisèle Casadesus. O filme narra a história de um jardineiro de 45 anos, iletrado, maltratado pela família, que conhece num parque uma senhora bastante idosa, que já foi chefe de uma equipe médica que passa suas tardes lendo. Germain vai aprendendo a ler e se afeiçoa àquela amável senhora, a única pessoa que ao longo de sua vida o ajudou a crescer. 
 

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