"Programa Barros de Alencar"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 09/11/2021
Horário 06:40

O cantor e radialista paraibano Barros de Alencar iniciou sua carreira em Campina Grande nos anos 60 e em consequência da bela voz logo alcançou fama como radialista nas rádios de São Paulo, como Tupi, Record e América. Paralelamente ao sucesso como locutor, lançou diversos discos com músicas mistas (declamadas e cantadas), sendo que algumas atingiram os primeiros lugares das paradas ao longo da década de 70: “Apenas Três Minutos”, “Prometemos Não Chorar”, “Meu Amor” e “Queiro Beijar-te As Mãos”. Tornou-se um dos locutores-cantores mais famosos do país e o sucesso chegou à televisão no “Programa Barros de Alencar” exibido pela TV Record aos sábados a partir das 11h, de 1982 a 1986. Misturava calouros com atrações musicais de sucesso, com quadros famosos como “As Campeãs da Semana” onde desfilavam os cinco primeiros lugares das paradas durante o período. Era auxiliado no palco pelo palhaço Vassourinha e por belas bailarinas, as barretes (dentre as mais famosas Rosana di Caprio, Rose Cleópatra, Vanderléia, Naninha, Sandra Janete, Miriam, Simone e Arlety). Coincidentemente, o programa sai do ar quando Sílvio Santos deixa de ser um dos acionistas da emissora. Barros continuou sua carreira artística na rádio e faleceu em 2017. 
    
“Por que encaretamos?”

Os idosos têm sua imagem associada de uma forma geral a comportamentos mais tradicionais, ideias geralmente mais conservadoras e radicalismos quanto a reprovações das diferenças. Se o idoso de hoje não é o mesmo idoso de 20 anos atrás e muito menos os de há 50 anos, por que tal comportamento mais careta parece predominar? Pessoas de 60 anos hoje representaram a juventude dos anos 70 ou 80, onde liberdade, quebra de regras e luta por expressão foram a tônica daqueles jovens. Onde foi parar a juventude hippie dos anos 70 e o jovem rebelde transgressor rock-and-roll dos anos 80? Muitos deles estão agora coroas e parecem ter se tornado o pálido espelho daquilo que combatiam: são senhores e senhoras conservadoras, de um convencionalismo quadradinho, baseados em uma visão saudosista daquilo que viviam. Vivem num paradoxo estranho: representaram vozes de lutas por mudanças e aberturas diante das opressões da época, e hoje se ressentem da época opressora em uma visão ufanista e ortodoxa. De uma forma simples, pintaram e bordaram, quebraram o caneco enquanto jovens, tiveram suas rebeldias sem causa e hoje desaprovam o comportamento juvenil atual, e não percebem que o espírito contestador do jovem de hoje se manifesta em outras bases e ações. O mundo se transformou tanto nas últimas décadas com infinitos progressos e algumas perdas comparativas, que as pessoas esqueceram que fizeram parte deste processo lento de mudança e conquista de liberdade. As mesmas gerações de encaretados sessentões olham perplexamente para o resultado daquilo que contribuíram: quebra das regras protocolares de hierarquia estudantil e dos apegados juízos familiares. Criticam os comportamentos estudantis dos filhos dos outros (enquanto defendem os seus com unhas e dentes) e lembram saudosamente dos corretivos usados na sua infância, querendo impor a vara de marmelo na filharada alheia (enquanto eles mesmos não deram uma simples chinelada em seu filho). O que lhes parecia natural transgredir, hoje parece bandalheira. 
Envelhecer não é retroceder.

Dica da Semana

CD – Música 

“Gilliard – Doce Paixão – Grandes Sucessos”:
Coletânea em CD da Gravadora Só Original com músicas que fizeram sucesso com o cantor potiguar Gilliard (atualmente com 64 anos), que teve uma carreira exitosa ao longo dos anos 80. Vinte músicas reunidas aqui dentre elas: “Não Diga Nada”, “Aquela Nuvem”, “Pouco a Pouco”, “Timidez”, “Quem Me Dera”, “Pensamento”, “Eu Amo Amar Você”. Música romântica popular oitentista. 


 

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