Ditado este que começou na cidade do Rio de Janeiro, numa modinha de carnaval. São duas histórias, a de fornecimento de água e a de energia elétrica. Fiquemos com esta. É uma aventura datada de 1924. Iniciou-a um grupo de homens ligados à Cia. Marcondes de Colonização, Indústria e Comércio. A experiência vinha de concessões de outras cidades paulistas. Uma cidade copiava a outra, para implantar o seu progresso. Em Presidente Prudente, também houve a febre da eletricidade. Instalava-se uma usina termoelétrica, alimentada por um locomóvel e gerador de 60 KVA. Foi com esse potencial que se criou, em Prudente, a geração de energia elétrica, primeiro na Vila Marcondes, sede da Companhia. Do outro lado da ferrovia, o patrimônio era conhecido ora como o do Veado ora como Vila Goulart. Cada lado possuía a sua política, querendo cada um o progresso mais depressa, para o seu território. Mas esse serviço foi sendo feito, aos poucos, com a colocação de postes de madeira e fios de cobre importados. E brigas e rixas se articulavam de ambos os lados. Posto o gerador para funcionar, a lâmpada parecia um vaga-lume. Uma luz mortiça, produzida apenas por um gerador de 60 KVA. Por isso, economizar era preciso. O fornecimento começava ao anoitecer ou, como se dizia, na boca da noite e ia até à meia noite. Em dias de festas cívicas ou de empolgantes bailes, a energia varava noite a dentro, até o raiar da madrugada. Em 1928, uma nova empresa surgia em Prudente. Transferia-se a concessão para a Empresa Elétrica de Presidente Prudente Ltda., sendo seus fundadores João Gonçalves Foz e Vail Chaves. Iniciava-se, praticamente, do marco zero. A rede de distribuição não condizia com a potência de antes e fora totalmente retirada. Em seu lugar, construíram-se novas linhas de alta tensão, com 2.200 volts, alimentadas por uma insta lação provisória, montada na Serraria Jesus, local do equipamento elétrico. E a serraria fornecia a força motriz. Duzentas e dez ligações foram feitas nesse ano. A Empresa começou a crescer. Outras concessões foram adquiridas. Ainda em 1928, o Dr. Vail se desligou da firma. No ano seguinte, o Dr. Foz ampliou a participação e organizou uma companhia, para melhor suprir as necessidades da região. Nasceu, assim, em dois de janeiro de 1929, a Companhia Elétrica Caiuá, tendo, como sócios majoritários, João Gonçalves Foz e Francisco Machado de Campos, contando com grande número de subscritores de ações. Para suprir as necessidades não só de Prudente, mas também da região, construiu-se uma usina hidroelétrica no rio Laranja Doce, no distrito de José Theodoro, hoje Martinópolis. Imediatamente passou a atender a quinhentos e setenta e dois consumidores, aumentando a linha de transmissão da usina Laranja Doce. Um incêndio de grandes proporções, na Serraria Jesus, destruiu todo o equipamento da Empresa. Somente em 1930 é que se restabeleceu o fornecimento de luz elétrica. E a luz era fraca como uma lamparina. Daí a modinha carnavalesca que pegou e virou cantoria xistosa, não só em Prudente, mas também em quase todas as cidades brasileiras. Energia elétrica de verdade, porém, só surgiu em 1957, com o suprimento produzido pela Usina de Salto Grande, com 88.000 wolts. E Prudente adquiriu ares de cidade moderna, com a substituição de postes de madeira por postes de concreto. Entretanto é bom lembrar que o começo não foi nada fácil. Em 1924, na implantação dos serviços, contava-se que a Companhia fincava os postes durante o dia e, à noite, a ala adversária os arrancava. Colocou-se, então, um guarda armado, com um trinta e oito, em cada poste. Por isso, a brincadeira da população, na época, era saber quem seria o poste deitado no chão, na manhã seguinte, se o guarda ou se a madeira. E, por um bom tempo, dois eram os postes, o alto dava luz e o baixo o estampido. Vivia-se a energia, “Força mais do que Luz”.