Enquanto a Europa vive a segunda onda da Covid-19, com casos que voltaram a crescer e números que apresentam taxas altas de contágio e mortes causadas pela doença, o Brasil se questiona sobre uma eventual segunda onda também no país que, aparentemente, conseguiu manter uma média razoável de casos e óbitos, mesmo com o afrouxamento das medidas de segurança por boa parte da população. Pensando nisso, a reportagem entrevistou o infectologista André Luiz Pirajá da Silva para saber quais as possibilidades de isso ocorrer. “Acredito sim que poderemos chegar a uma nova onda”, alerta o especialista.
Antes de falar sobre isto, no entanto, vale ressaltar que, segundo Pirajá, é possível dizer que o número de novos casos pode até ter diminuído nas últimas semanas, conforme noticiados pela imprensa nacional, o que para ele pode significar o platô – estabilidade de casos. “Ocorre que chegamos ao platô, mas com números elevados de casos, mesmo que inferiores a períodos anteriores”.
Além disso, o profissional ressalta que enfermarias e UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) continuam cheias, o que demonstra que o vírus continua a circular pelo país, e pela nossa região. “Eu diria que as pessoas estão valorizando menos a doença. O medo antes era intenso e agora as pessoas encaram como uma simples gripe”. É justamente por isso que ele não descarta a possibilidade de uma nova onda da Covid-19 chegar ao país, como já ocorre na Europa, que está dois ou três meses à frente do Brasil no que diz respeito à doença.
“A forma eficaz de impedir isso é se tivermos uma vacina antes dessa segunda onda. Fora isso, se continuarmos do jeito que estamos, sem o isolamento adequado, é muito possível que teremos uma segunda onda de casos”. Pirajá acredita nos benefícios das vacinas, e ressalta que elas são boas e deverão cumprir com protocolos de vigilância, além de apresentar estudos, o que faz com que elas sejam sérias e apresentem integridade. “É claro que leva tempo para isso. As vacinas se envolveram em politicagem, mas precisamos entender que é preciso salvar nossa população”.