“Por um fio”

Moradores da Vila Angélica tiveram as residências interditadas devido a riscos e irregularidades, mas afirmam que a Prefeitura foi a causadora do problema

PRUDENTE - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 19/10/2019
Horário 07:25
 Paulo Miguel - Construções irregulares e com riscos de desabamento foram interditadas pela Prefeitura
Paulo Miguel - Construções irregulares e com riscos de desabamento foram interditadas pela Prefeitura

Um problema antigo voltou, nos últimos dias, a ter relevância em Presidente Prudente. Residências na Vila Angélica, que ao fundo encontram a Avenida Juscelino Kubistchek de Oliveira, foram parcialmente interditadas. Os cômodos isolados são, justamente, os mais próximos da JK. Não foi necessário retirar as famílias do imóvel. “Isso foi constatado por vistoria in loco de engenheiros da Prefeitura e da Defesa Civil. A interdição é um instrumento utilizado para proteger a própria integridade das famílias afetadas e também de quem circula pela avenida”, expõe a Secom (Secretaria Municipal de Comunicação).

A polêmica, entretanto, reside em uma reclamação que as famílias afetadas fazem questão de ressaltar. O problema, de acordo com a moradora Maraisa Moreira Thomaz, 33 anos, surgiu a partir do momento que a administração municipal, há cerca de uma década, rebaixou o terreno para a passagem da avenida, deixando por lá os barracos íngremes.

O problema não é novo, há oito anos, após a construção da via, parte do muro da residência de Maraisa e de Gilmar dos Santos Moreira, 34 anos, despencou, causando um grave acidente que tirou a vida de um motociclista. Desta vez, o que soma-se aos problemas são os cavaletes colocados na Avenida JK, que juntos à falta de iluminação, causada por luzes queimadas nos postes, já foram causa de um acidente leve recente na região.

Os cômodos interditados, explica o assessor de Planejamento da Prefeitura, Paulo Vasconcelos, 65 anos, além de correrem riscos, estão sem projeto, ou seja, são irregulares. Um desses casos é o canil e um quarto construído pelo agente de correios Jefferson William Oliveira, 35 anos. “A Prefeitura assume a culpa, mas informa que não pode fazer nada por ser uma obra particular”, enfatiza o morador.                                                                            

QUEDA DE BRAÇOS:

PREFEITURA E MORADORES

Os moradores Maraisa, Gilmar e Jefferson sabem o que querem: que a Prefeitura se responsabilize pelos danos causados após a construção da Avenida Juscelino Kubitscheck. A administração municipal, por sua vez, demonstra resistência. “Todas as famílias do entorno sabiam que aquela avenida seria aberta, pois se trata de uma via perimetral. No entanto, alguns deles edificaram ou ampliaram suas casas sem o devido projeto aprovado pela Secretaria de Planejamento”, destaca a Secom.

Paulo Vasconcelos explica que para resolver a situação, os moradores das duas casas que sofreram as interdições podem optar por duas soluções: demolir os cômodos interditados ou construir um muro de contenção e tentar regularizar as construções na Seplan (Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano). Os moradores não aceitam essa ideia, insistem que a construção do muro é uma incumbência da Prefeitura, já que, de acordo com os munícipes, “foi o poder público o causador do problema”.

“Não cabe ao município custear reforma em cômodo construído irregularmente. Basta verificar que os imóveis vizinhos, também margeados pela avenida e construídos de forma regular, não sofrem com ameaças de desabamento”, se defende o Executivo.

Sem qualquer resolução de ambos os lados, ficam os moradores da Vila Angélica esperando soluções, enquanto se sentem lesados. A Prefeitura, por sua vez, “se coloca à disposição das famílias para prestar todo o auxílio necessário e que seja de competência do município”.

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