Foi o poeta Carlos Drummond de Andrade quem escreveu que o difícil não é fazer mil gols como Pelé, mas sim fazer um gol de Pelé. O dia 19 de novembro guarda para todos um significado extraordinário. Embora continue esperando pelas prometidas reformas do nosso governo, prometidas e nunca alcançadas, a data revive sempre o maior feito de nosso maior futebolista. Naquele ano de 1969 era um dia ainda mais especial. Novos astronautas chegavam a lua, comemorávamos o dia da Bandeira, símbolo da Pátria, na qual o designer Hans Donner quer introduzir a palavra Amor antes do Ordem e Progresso. Nossos políticos não pensam assim. Para eles o pavilhão nacional serve para limpar as mãos como já testemunhei. Eu e muitos outros vimos quando, depois de uma comemoração que deveria ser cívica, em frente ao Palácio da Alvorada, o então deputado Luiz Antonio de Medeiros, que mandava nos sindicatos, pelego conhecido e que no Congresso defendia o seu time, ou seja, o governo de momento, olhou para os lados e, julgando-se longe de qualquer olhar, limpou as mãos no pavilhão nacional. Vergonha! Mas, além de homenagear a bandeira brasileira, outro fato desde o mesmo ano de 1969 mexe comigo. Sempre que chega o 19 de novembro recebo muita comunicação dos antigos ouvintes e que descobrem onde me encontro e a mim se dirigem cumprimentando pelo ato que narro, o maior feito na carreira do atleta do século 20, o Rei Pelé, aquele que não encontrou e nem encontrará substituto. Muitos me enviam a narração completa do milésimo gol acontecido no Maracanã e que completou 48 anos. Não, não é erro meu, não. Já faz 48 anos que Pelé fez o seu milésimo gol e depois ainda continuou balançando redes por mais 283 vezes. Faz tempo, mas lembro-me como se o fato estivesse acontecendo agora. Tenho muita alegria por ter narrado aquele feito histórico que acredito jamais será batido. E, principalmente, por ter sido minha narração a escolhida entre tantas para ser acoplada como base na cena do filme “Pelé Eterno”. Aproveito para agradecer aos amigos que ainda se lembram da ação e dizer que realmente Pelé é eterno e ninguém alcançará o número de gols que ele atingiu. A revista argentina “El Gráfico”, a propósito, faz uma estatística dos maiores artilheiros do futebol mundial e na mesma aparecem depois de Pelé, Romário, com 762 gols; Ferenc Puskas, com 709; Gerd Muller, com 680; Eusébio, com 642, Cristiano Ronaldo, com 548, Túlio, com 545, e Lionel Messi, com 526 gols assinalados. Por esses números é fácil a conclusão: os números de Pelé jamais serão alcançados.
Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.