Década de 60. Como era poética a espera da saída das meninas do Colégio Cristo Rei. Era para nós o céu na terra. A beleza angelical de Rosa Maria Peretti e seu sorriso tornava o mundo mais puro e inocente. O arrepio em cada mordida de um cajá-manga banhada de sal, era uma sensação única e um costume antigo no interior.
O simpático guarda de trânsito, Delermo, nos dava segurança. O bate papo descontraído curtindo a sombra da jaqueira na Avenida Washington Luiz era um símbolo da inocência e da alegria. A maldade não nos foi apresentada nessa época da minha doce juventude. O murinho da Avenida Washington Luiz era nosso recanto na madrugada onde o prazer da nossa vagabundagem era um porto seguro para a juventude que só queria bater papo, dar risada sob a luz brilhante da lua.
Tocar na fanfarra do Colégio I.E. Fernando Costa, campeã do Estado de São Paulo, foi um grande sonho que realizei. As aulas de educação física do professor Osmar e do professor José Roberto Marcondes, o nosso "Willian Holden", eram por demais prazerosas. As chamadas orais nas aulas de português da Da. Neusa era uma tortura chinesa para mim. O Cine Presidente era a nossa janela para conhecer o mundo. Quem não sonhou em ser um Bruce Lee?
As balas de leite e de café, seu sabor ainda permanecem na memória dessa geração que sonhou em mudar o mundo ao som dos Beatles e dos Rolling Stones. A Primavera e a Vaca Preta na Pane eram os pedidos preferidos, o nosso point depois do Fuding na Praça Nove de Julho. Jogar bafo com as figurinhas nas escadas do Cine Presidente, comer aquele pudim no carrinho de doces que caía como um navio de açúcar navegando na gula dos jovens sem lenço e documentos.
Caminhar a pé até o Tênis Clube era um aceno à liberdade de ir e vir ao som do motor de um Simca Champord que foi apelidado pejorativa e injustamente de “Belo Antônio”, elegante, bonito, simpático, porém sem desempenho, usando o título de filme italiano homônimo no qual o personagem principal tinha todos os atributos de beleza masculina, menos potência sexual. Ah que saudades das brincadeiras dançantes da Apea ao som dos eternos Sombras. Dançar com a querida amiga Cristina Miranda era um sonho de sentir a vida derreter na sua boca como um algodão doce. Ontem quando eu era jovem...