Vamos fazer uma viagem no tempo. Imagine a nossa cidade em 1970. Pouco mais de 100 mil habitantes. Não era difícil percorrer as ruas existentes na sola do sapato. O atual Museu e Arquivo Histórico Municipal Prefeito Antonio Sandoval Netto não havia ainda sido instalado nas edificações do antigo matadouro, que ficava fora da cidade. Poucos bairros existiam além daquele limite. Do outro lado da malha urbana não era muito diferente. Tendo como referência a Estação Ferroviária, do outro lado da linha tínhamos a Vila Marcondes e sua belíssima igreja e ponto final. O que hoje chamamos de Parque do Povo era, de fato, o leito e as margens do Córrego do Veado, o que também estabelecia outro limite extremo da cidade, transposto por algumas pontes precárias para se alcançar algumas aglomerações de casas de madeira.
Naquela cidade dos anos de 1970, tudo acontecia nos arredores da praça da Catedral. Até mesmo a faculdade que deu origem à Unesp (Universidade Estadual Paulista) funcionava onde hoje existe uma agência bancária no calçadão da Rua Tenente Nicolau Maffei. Os jovens ficavam girando e paquerando por ali. As salas de cinema próximas eram muito animadas.
Como vocês já sabem, eu cheguei por aqui no começo da década de 1990. Acompanhei o impacto da construção de grandes conjuntos habitacionais, como a Cohab e Cecap, o Ana Jacinta, dentre outros. Também acompanhei de perto o processo de desfavelização e deslocamento da população mais pobre para bairros bem distantes da zona norte. A partir da década de 2000, foi a vez da expansão dos condomínios fechados, especialmente na zona sul. A cidade espalhou-se para todos os lados.
Mas foi preciso um pouco mais de 50 anos para que Presidente Prudente duplicasse a sua população. Para ser mais exato, os dados preliminares do Censo Demográfico de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) registram 225.668 pessoas residentes em nossa cidade, o que representa um aumento de 8,7% em comparação com o Censo de 2010. É muito ou pouco? Quando comparado com os municípios da região, não é um resultado ruim. A população da 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo cresceu apenas 3% durante o mesmo período. A má notícia é que dos 53 municípios da região, 24 municípios (quase a metade!) tiveram uma diminuição da população... Tal fenômeno não é recente e deve estar relacionado com a migração da população para outras regiões mais dinâmicas, mas também com o processo rápido de envelhecimento da população.
Fico imaginando a nossa cidade do futuro. Em pouco tempo, teremos uma criança para cada idoso. Os espaços percorridos por ricos e pobres são cada vez mais distintos. Como vamos conviver com nossas diferenças?