Nos últimos anos, o SBT vem se especializando na produção de novelas infantis, mas este filão já foi explorado por outras emissoras ao longo das décadas. A TV Tupi produziu entre abril de 1975 e janeiro de 1976, a telenovela “O Velho, O Menino e o Burro”, baseada em famosa fábula infantil, inaugurando um horário para o público às 18h, no qual se seguiram mais outras três novelas na época: “Canção para Isabel”, “Papai Coração” e “Cinderela 77”. A novela falava das aventuras do Velho Gui (Dionísio Azevedo), o garoto Peto (Douglas Mazzolla) e um burrinho falante (dublado por Zé Luís Pinho). A novela fez sucesso e foi esticada, e nesta segunda fase houve troca do ator Dionísio Azevedo por Sadi Cabral que fez um segundo Velho Gui. Curiosamente, a abertura da novela era um verdadeiro comercial da marca Cica estrelada pelos personagens da Turma da Mônica de Maurício de Souza.
“Onde estão os Josés e Marias?”
Quando se assistia aos episódios do desenho de Hanna-Barbera “Os Jetsons”, produzido entre 1962-63, era uma diversão imaginar as invenções futuristas que a família usufruía em um longínquo ano de 2062 com avanços tecnológicos impensáveis como um telefone que fazia videochamadas, pedidos eletrônicos dos mais diversos produtos e substituições de humanos por serviçais eletrônicos. E não é que muito do que foi imaginado naquela época realmente está acontecendo? A substituição do serviço humano por opções digitais ou automáticas é algo que faz parte da rotina comum. Lojas de departamentos atuais permitem que o cliente escolha o próprio produto, experimente a roupa, e pague tudo por conta própria. E lá se vão uma meia dúzia de empregos com estas supostas facilitações. Todos achando tudo muito moderno, rápido e eficaz. Evitam-se atendentes nem sempre bem-humorados, filas nos caixas, dificuldades com o troco. Neste mundo tecnológico ninguém pode perder tempo. No entanto, às vezes fica aquela grande interrogação interna: onde será que o povo está trabalhando, agora? Os defensores da velocidade digital e do mundo tecnológico, prontamente irão dizer que os empregos agora exigem outros preparos e devem ser destinados a novas demandas. Confesso, não enxergar uma equiparação matemática na nova era: muita facilitação para pouca gente envolvida. Cada vez menos gente trabalhando no comércio, nos bancos, em todos os níveis produtivos. A aclamada nova forma de gerenciar equipes e adequação aos avanços tecnológicos parece provocar uma redução mais galopante das opções de vínculos empregatícios: a reorganização dos meios de produção com aumento de produtividade com menor necessidade de mão-de-obra joga a matéria-prima humana para uma dispensabilidade progressiva. Batemos palmas para as modernidades e esquecemos de nos assustar com a extinção dos postos de trabalho. Apenas uma pequena parte da força de trabalho fica adequada às necessidades do mercado. Progredimos tanto que involuímos.
Dica da Semana
Série – Streaming
“Unidade Básica”:
Série brasileira em três temporadas, produzidas a partir de 2016. Com Caco Ciocler, Ana Petta, Bianca Muller. Produção nacional com a história de dos médicos Paulo (Caco) e Laura (Ana) que trabalham em uma unidade básica de saúde da periferia de São Paulo. Enquanto ele é um profissional pouco ortodoxo, mas sensível e experiente, ela é uma médica recém-formada muito técnica e com pouco jogo de cintura para lidar com as necessidades dos mais carentes.