Rolf Werner tinha apenas 18 anos quando Hitler invadiu a Polônia no dia 1º de setembro de 1939 dando início à Segunda Guerra Mundial. Era apenas um garoto apaixonado pela linda Heidi. Teve que se alistar na Wehrmacht, que eram as forças armadas da Alemanha Nazista. Consistia no Heer, Kriegsmarine e Luftwaffe.
Rolf gostava de ouvir jazz e de ler o escritor alemão, Johann Wolfgang von Goethe, que escreveu “Fausto”. Ficava muito pensativo, cheio de perguntas sem respostas quando lia o filósofo alemão, Friedrich Nietzsche. Seu desejo era cursar Medicina e se casar com a bela Heidi.
Do outro lado do mundo, nos Estados Unidos, John O' Connor, de uma família de origem irlandesa, também gostava de música. Estava estudando para tocar trompete. Os destinos desses dois jovens iriam se cruzar, pois nada do que existe pode escapar do imponderável da vida. Os Estados Unidos são atacados pelo Japão em Pearl Harbor e entram na guerra contra o Japão que tinha uma aliança com a Alemanha de Hitler, e a Itália de Benito Mussolini. A Inglaterra respira aliviada com a entrada desse fortíssimo aliado americano. Rolf se torna um Sniper e sente a rivalidade entre a Wehrmacht e a temida Waffen SS, que achavam que a SS era violenta e sádica.
Na guerra, a integridade física e psicológica estão sempre ameaçadas e o resultado são o aparecimento do stress traumático. Rolf serve na Terceira Divisão de Montanha de Infantaria, sob o comando do Capitão Julius Ringel. Numa noite fria, Rolf está pensando em Heidi, posicionado para matar. Ele usa um fuzil Mosin-Nagant, modelo M91/30, calibre 7,62 X 54mm, com mira telescópica, que penetra facilmente nos capacetes de seus inimigos. Ainda existe ternura em seu coração que sente frio, coberto de neve. E o destino coloca John e Rolf no mesmo campo de batalha. John está apreensivo e pega seu trompete e começa a tocar uma bela música para relaxar, nessa noite fria e incerta.
A luz da lua está encoberta por nuvens negras e densas, deixando o céu escuro. O vento frio chicoteia os sonhos, e os pensamentos são de medo. Como dormir em meio de tanto stress. O som do trompete faz com que todos sentem a solidão. É um tipo de linguagem que a razão desconhece. A música traz lembranças poéticas, ela é o barulho que pensa. O sargento James Pikerman o repreende dizendo: Para de tocar, você pode ser morto por um Sniper. O capacete de John estava na mira do rifle de Rolf e ele não apertou o gatilho.
Mais uma vez o destino atua de maneira sublime. Rulf é preso e ele vê John passar com o trompete e cai de joelhos e começa a chorar. John se aproxima dele e Rulf diz: "Eu não poderia atirar em você ontem à noite. Você tocou a música que eu e Heidi amamos. E eu estava ansioso para voltar à Alemanha para me casar com ela. A música me fez pensar nela, na minha mãe e no meu pai, e nos meus irmãos e irmãs." John ficou comovido e estendeu sua mão através do arame farpado e o cumprimenta.
A guerra é uma dor crua e má que vai corroendo os sentimentos bons como ratos famintos, deixando os corações como urnas frias e sem sonhos. A música acendeu a luz da humanidade deles, perdida e escondida em meio a tanta violência, fruto da insensatez humana que parece não ter limites. Nesse aperto de mãos os dois jovens sentiram que não eram inimigos, eram apenas crianças assustadas fazendo coisas que obrigavam a fazer. Eles tinham apenas 19 anos. John está com 92 anos e ainda se emociona quando lembra dessa passagem e nunca mais soube noticias de Rolf. Apenas reza para ele ter encontrado sua família e ter se casado com a bela Heidi.