“O Retrato de Dorian Gray” (“The Picture of Dorian Gray”, 1945) é um clássico do cinema de Horror da década de 1940 da Metro-Goldwyn-Mayer, baseado na obra de Oscar Wilde. Sem mostrar monstruosidades e aberrações, o filme cria uma atmosfera de suspense elegante e um clima de tensão e mistério apurados. Na trama, Dorian Gray (Hurd Hatfield) é um belo homem, mas moralmente corrupto, que faz um pacto sinistro de trocar sua alma pela juventude eterna. A sua alma e a sua velhice são assim transferidas a um retrato seu, pintado por um jovem artista (Peter Lawford), que vai se tornando uma aberração, a cada atrocidade acometida por Dorian. O tempo passa, todos envelhecem, sua sobrinha se torna uma linda mulher (Donna Reed) e Dorian permanece o mesmo, sem sequer um fio de cabelo branco, enquanto o retrato de distorce em uma forma grotesca. Vai causando dissabor por onde passa, inclusive levando ao suicídio, uma jovem cantora que se apaixona por ele (Angela Lansbury, perfeita, indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante e Vencedora do Globo de Ouro daquele ano). Contudo, sua vida desregrada e aventureira, vai cobrar um alto preço. Um clássico esquecido pelo tempo, que teve outras versões, sendo a mais recente em 2009, sem superar este, dirigido por Albert Lewin e contando ainda no elenco com nomes como George Sanders e Sir Cedric Hardwicke.
“Palpiteiros eventuais”
A fragilidade de muitos idosos os tornam dependentes dos filhos, e muitas vezes, a responsabilidade cai sobre as mãos de um só filho, mesmo com proles numerosas. Diversas questões interferem nesta escolha: filhos mais próximos geograficamente, com mais tempo e disposição, ou principalmente, que estabeleceram maiores vínculos com o passar do tempo. Muitos filhos acompanham à distância os cuidados de seus pais por seus irmãos, e auxiliam e monitoram conforme a possibilidade individual. No entanto, alguns simplesmente passam a bola para o filho cuidador e se desincumbem de responsabilidades e preocupações. Viram parentes distantes, que por negligência ou comodismo, simplesmente deixam a lida diária para quem mora junto ou próximo. A dificuldade maior é quando fazem isto cronicamente, mas quando vêm visitar o idoso, revestem-se de autoridades fiscais, criticando, sugerindo e orientando decisões. Todo mundo tem um palpitezinho para dar no cuidado com o idoso: de apito na boca, “sargenteando” com a melhor das intenções. Querem mudar dieta, rotina, decisões terapêuticas, hábitos de vida (muitas vezes com a intenção real de benefício e bem-estar, mas sem perceber o tom crítico, cobrador e desmerecedor do trabalho de quem está ali no dia a dia). Os palpites e conselhos nem sempre são bem entendidos por quem os ouve, e configuram tom de crítica e desabono. Acabam por criar um campo minado prestes a explodir, ou um verdadeiro campo de guerra familiar, onde as diferenças fraternais se rivalizam nos cuidados com os genitores. A hora é de se irmanar e colaborar.
Dica da Semana
Filmes
“WILDE – O PRIMEIRO HOMEM MODERNO”:
Direção: Brian Gilbert. Com Stephen Fry, Jude Law, Vanessa Redgrave. 1997. A biografia do influente poeta e escritor irlandês Oscar Wilde, de comportamento muito avançado para sua época (a Europa do século XIX). Wilde (Fry) se apaixona pelo belo jovem Lord Alfred Douglas (Jude) e assume sua homossexualidade para escândalo da sociedade vigente. Wilde é condenado a dois anos de prisão com trabalhos forçados, e morre jovem em consequência do sofrimento. Em uma de suas mais famosas frases disse: A vida é muito importante para ser levada a sério.