Edson Tomazini, mais conhecido como Ed Thomas, atual prefeito de Presidente Prudente, busca nas urnas, no dia 6 de outubro, sua reeleição para o próximo mandato, agora pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro), da coligação “O Trabalho Honesto Tudo Vence”, com o Avante. Radialista, casado, hoje com 61 anos, já foi vereador da capital do oeste paulista de 2001 a 2007, ocupando a presidência da Câmara em 2005. Em março de 2007 assumiu como deputado estadual, cargo no qual seguiu até 2021, ano que passou a comandar o Executivo da maior cidade da região. Na corrida eleitoral deste ano, ao seu lado está o candidato a vice-prefeito Matheus Marcolino Perussi, autônomo de 29 anos, também do MDB. Casado, ele disputou uma vaga no Legislativo prudentino nas eleições 2020, mas não foi eleito.
Nesta entrevista exclusiva a O Imparcial, Ed Thomas responde a oito perguntas, sendo seis questionamentos iguais para todos os seis candidatos à Prefeitura da capital do oeste paulista, e outros dois formulados por este diário de acordo com as experiências sociais e políticas dos concorrentes. Como forma de deixar o conteúdo final de forma mais semelhante possível, foi estipulado pela direção um tempo médio de um minuto e meio para cada resposta, não sendo permitidos ataques a outros postulantes na sabatina. A ordem de publicação das entrevistas nas edições dos dias 3, 5 e 10 de setembro, foi definida em sorteio. Confira:
O Imparcial - Caso reeleito para a cadeira do Executivo, qual deverá ser o projeto carro-chefe dentro do seu plano de governo?
Ed Thomas - Olha, infraestrutura é base. Reconstruir a cidade. Nós buscamos R$ 100 milhões entre governos estadual e federal. Se não tivesse buscado esse dinheiro, a Prefeitura não estaria construindo da forma que construiu, mesmo dentro de uma pandemia. Carro-chefe? Primeiro: educação. E a Guarda Civil Municipal. Seria uma guarda para concorrer com a polícia? Não, para estar acima de tudo, plugada com a polícia. Uma guarda patrimonial. Em especial, nas nossas escolas. Nós tivemos ataques, lembram-se lá atrás, não é verdade? Então, essa guarda civil nunca me saiu da cabeça como projeto. São necessários recursos e a gente já buscou isso, já temos o caminho para isso. Proteger escolas, proteger nossas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), patrimônio da Prefeitura. Coibir vandalismo, descarte ilegal de lixo... Segurança seria a primeira parte. Já a ampliação de creches, a extensão do ensino integral, os outros não fizeram, fomos nós que colocamos esse ensino integral em Prudente, já instalado. Mas, nós precisamos de uma rede integral, de toda a escola, que ela seja integral. E aí, claro, melhorar a vida do pai, da mãe, certo. Vem a geração de emprego. O incentivo que nós demos às empresas, principalmente, investimento em tecnologia.
Os alagamentos no Parque do Povo são um problema que ainda persiste no município. Se reeleito, que medidas pretende adotar para sanar esse problema tão antigo?
Nós focamos, desde 2021, quando assumimos, não somente no Parque do Povo: são 43 pontos de alagamento na cidade, certo? Eu poderia ter usado o recurso do chamado Fonplata (Fondo Financiero para el Desarrollo de la Cuenca del Plata), que era U$ 50 milhões e, hoje, seriam R$ 250 milhões. Agi com responsabilidade. A cidade ficaria endividada por todas as gerações, porque a correção era por dólar. Mas, agi com responsabilidade pela cidade, pela Prefeitura. Pensando nisso, mandamos um empréstimo para a Câmara Municipal de R$ 90 milhões: não aprovado. Seria pela CEF (Caixa Econômica Federal), com a nossa moeda. É um problema realmente crônico. O Parque do Povo, eu tenho pago uma dívida de 1995, de uma empresa a quem a Prudenco [Companhia Prudentina de Desenvolvimento] não pagou R$ 100 mil. A empresa, ela foi para Justiça. 1995. Trinta anos se passaram, a fatura chegou: R$ 1.970.000,00, bloqueando contas da Prudenco por contas não pagas, como tantas outras que eu paguei. Isso foi uma finalização no Parque do Povo, quase já perto do Prudenshopping. Então, o projeto, ele existe, tem o meu pedido ao governo federal, está certo? Há um repasse, um fundo de R$ 50 milhões, que nós continuamos trabalhando. Eu não desisti do Parque do Povo.
A falta de incentivos fiscais ainda é uma justificativa para que novas empresas deixem de se instalar em Prudente. Quais são as suas propostas a fim de que a cidade se torne um polo atrativo para investimentos e geração de empregos e renda?
Olha, nós estaremos recebendo em São Paulo uma avaliação feita através do portal de transparência do TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo), um comunicado que a gente recebeu, para o índice de incentivo fiscal, principalmente em tecnologia, como gestão de eficiência. Então, a Prefeitura é nota A, certo, pelo Tribunal de Contas, por esse incentivo dado principalmente à tecnologia. Empresas que trabalhavam aqui, que o recurso não ficava aqui, de 5, nós baixamos para 3% o ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza). Isso é constante. Temos o “Prudente sem papel”, que virou referência. Você consegue abrir uma empresa hoje pelo telefone. Abre, e depois vai trabalhar, e depois apresenta documentos. Ou seja, nós plugamos a Prefeitura no que há de novo, no que há, acima de tudo, de desburocratização para esses empresários. Isso já existe dentro da Prefeitura. Eu estando prefeito ou não, o projeto já existe e virou referência em outras cidades, o chamado “Prudente sem papel”. Desburocratizar, cortar onde precisa realmente cortar, diminuir e entregar esse incentivo para esses grupos de empresários que tanto nos ajudaram dando ideias de como fazer e fazer melhor para ser atrativo à cidade de Presidente Prudente.
O que o senhor promoverá, no âmbito financeiro, para equilibrar os cofres públicos?
Nós recebemos uma Prefeitura já desequilibrada. Eu recebi dentro de uma pandemia. Em 2020, o mundo fechou. Em março de 2020, o mundo parou, certo? Em um ano e meio, o nosso investimento foi apenas em saúde. E gastamos muito. Na outra administração se recebeu mais de R$ 50 milhões do governo federal. Dentro da minha administração, para Covid, R$ 10 a R$ 12 milhões foi o que nós recebemos. Então, meu gasto foi em saúde, para salvar vidas naquele tempo, naquele momento. E, logo depois, o mundo se abriu e abriu com problemas, abriu com escolas deterioradas, com obras inacabadas, que eu tive que dar reequilíbrio. Terminei todas as obras deixadas na administração anterior. Só que isso dá desequilíbrio no nosso caixa. E, mesmo assim, buscando dinheiro de fora para terminar, para começar. Aquilo que não tinha terminado, terminei. Aquilo que eu comecei, estou terminando e entrego. O equilíbrio, o controle dos gastos acima de tudo, foi o que a gente buscou a partir do primeiro ano e meio pós-Covid. Situação difícil, muito difícil. A Prefeitura está no controle, está no equilíbrio. Poderia estar muito, mas muito melhor. Mas a forma que eu recebi foi um estrago muito, mas muito grande. Há situações que eu não poderia deixar de fazer, de gastar, de reformar, e nós fizemos. Então, as palavras são “equilíbrio” e “controle”.
A Cidade da Criança e o Parque Aquático são equipamentos com alto potencial turístico, mas precisam de manutenções para que voltem a ser usufruídos pelo público. Caso reeleito, como pretende trabalhar para que o complexo volte à plena operação?
Nós recebemos a Cidade da Criança fechada pela pandemia e já sucateada. O Parque Aquático... É vergonhoso aquilo que foi entregue, deteriorado. Ali são matrículas que pertencem, uma ao município, outra ao Estado. E isso burocratizou licenças pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), que a gente teve que colocar em ordem, que não foram feitas. Mas, isso nunca foi um empecilho para que a gente buscasse recursos para a Cidade da Criança. Nós temos R$ 3 milhões já em licitação para a reforma do Parque Aquático. Pós isso, o projeto é conceder a Cidade da Criança à iniciativa privada, um grande projeto do professor Agripino, que para aquele tempo se tinha mais recursos. Hoje, não. Então, nós temos lá dentro o Ciop (Consórcio Intermunicipal do Oeste Paulista), que é o consórcio que dava essa manutenção, e que, durante a pandemia, “fica em casa”, não podia trabalhar, e que a gente teve que ir diminuindo despesas. Fizemos aquilo que era possível fazer, desde conserto de brinquedos, de limpeza, de reabrir a Cidade da Criança, de trazer eventos, de colocar os nossos escoteiros lá dentro. Mas, o sucateamento recebido é grande. Existem R$ 3 milhões em licitação, está certo? Eu estando na Prefeitura ou não, esse dinheiro existe. Foi um repasse do governador Tarcísio de Freitas, está em licitação, para fazer essa reforma. Mas, o melhor projeto da Cidade da Criança é conceder para a iniciativa privada, porque é um grande parque.
Que balanço o senhor faz da sua administração ao longo dos últimos quatro anos?
Eu nunca parei. Eu acordei todos os dias para fazer o melhor. Vivi, quem sabe, o pior momento do mundo. Hoje, quando a gente fala em Covid parece que é uma muleta, que a gente está de “mimimi”, que é uma desculpa. Só sabe o que foi a Covid quem perdeu pessoas. Isso me entristeceu e me machucou como ser humano, acima de tudo. O melhor projeto que aconteceu foi com a iniciativa privada. Nós montamos dois hospitais respiratórios, Cohabão e Santana, com a ajuda de empresários. Desde um suporte de soro, desde o respirador que a gente buscou, até a chegada da vacina. Por quê? Porque o HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo lotado, a Santa Casa lotada, e nossas UPAs abertas. O balanço que eu faço é que a gente conseguiu salvar muitas pessoas, mas me entristece ter perdido muitas pessoas. Parece que se esqueceram desse momento. A grande obra foi realmente salvar vidas e foi a sociedade de Presidente Prudente que me ajudou naquele momento. Desde o comércio do mais simples empresário a aquele mais abastado. Nos ajudaram muito. Eu busquei R$ 100 milhões em obras. É uma cidade construída. É uma cidade que tem ligações. Troquei ônibus. Troquei iluminação. Encerrei o lixão de Presidente Prudente, uma vergonha desde 2006. Dinheiro que foi pelo ralo, empresa de ônibus sucateada, gente sem receber. Agora: uma cidade led, uma cidade smart. Sim, eu sou muito agradecido por toda ajuda. Há uma consciência tranquila e a certeza de que eu entrego uma cidade melhor. E, se eu ficar, ela vai melhorar mais ainda.
Sua gestão à frente da Prefeitura de Prudente foi marcada por frequentes baixas no secretariado. Isso causou algum impacto no plano de trabalho? Pretende rever os critérios para a escolha dos secretários caso volte a ser eleito?
Eu tive e tenho pessoas técnicas do meu lado. No meio ambiente, um professor de meio ambiente. Na saúde, um médico. No jurídico, um procurador. Nas finanças, um contabilista. Então, eu fiz escolhas técnicas, porque precisava-se consertar a cidade pelo estrago recebido. E nós vencemos essas etapas. Nada é permanente, seja no governo municipal, seja no Legislativo, seja no Executivo. O presidente troca ministros, o governador troca secretários e eu sou agradecido àquelas pessoas que estiveram comigo nos momentos mais difíceis. E agradecerei para sempre por terem ajudado a administrar Presidente Prudente. Critérios, a gente tem que sempre acrescentar melhores critérios para escolhas. E, isso acontecendo, logicamente, não abrirei mão de gente profissional. Não dá para misturar a política com situações financeiras. Não dá para misturar a política com situações de medicina, de médicos. Não dá para misturar a política com a educação. Disso eu não abrirei mão. Mas sou agradecido. Todos eles trabalharam e trabalharam realmente muito. Acontecendo uma reeleição, é claro, tem pessoas que podem continuar e outras que não continuarão. No meio do caminho, o time é trocado, as substituições podem ser feitas em qualquer disputa, em qualquer administração. Se tiver que ser feito será, como foi feito. Mas, não abro mão que sejam realmente técnicos para resolver.
Por qual razão o eleitor deve colocar a máquina pública em suas mãos?
Primeiro, porque eu trabalhei. Eu não sou um homem vagabundo desde que eu cheguei. Chegar à Prefeitura de Prudente é um grande orgulho. Eu sempre serei radialista de profissão, muitas vezes diminuído por isso, mas a minha gestão foi de rua. É de pessoas. Eu gosto de gente. Eu gosto de resolver o problema das pessoas. E eu não vou deixar de me emocionar. Pessoas, crianças, idosos e doentes. Esse é o meu foco, esse é o meu foco. Presidente Prudente pode acreditar, nós teremos, a partir desse ano que chega, um desenvolvimento na última fronteira do Estado, que é o oeste paulista. Nós teremos aqui crédito de carbono, nossa região será compensada, são milhões e milhões que chegarão na nossa região. A regularização fundiária traz a segurança jurídica e esses empresários já estão sendo chamados. Tenho feito videoconferências com outros países de pessoas querendo já investir. Tenha certeza, nós teremos, em um espaço muito curto, independente de eu estar ou não, um desenvolvimento nunca visto em Presidente Prudente. Nós abrimos a cidade, certo? Nós conversamos com todos os segmentos. Podem acreditar, nas regiões administrativas do Estado: Presidente prudente, essa última fronteira de muita terra, de muita água, vai acontecer para o Brasil e para o mundo. E eu estarei buscando, seja com o Estado, seja com o governo federal. Essa é a minha razão de estar. Eu tenho, para comigo, que a minha vocação é fazer contatos políticos e buscar recursos. Recurso é o que resolve.
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