“Como costumo falar para os meus alunos, handebol não é futebol com a mão e sim xadrez com bola, pois temos que pensar a melhor estratégia e tomar a melhor decisão em fração de segundos”. Assim você leitor começa entendendo a paixão pelo esporte do jogador e técnico prudentino, Péricles Jr.
No Brasil, o handebol passou a ser reconhecido a partir dos anos de 1930. Em 1940, foi fundada a Federação Paulista de Handebol, em São Paulo, consolidando o esporte no país. Fale um pouquinho mais da história da modalidade...
O handebol foi difundido na região Sul do nosso país, onde imigrantes alemães se estabeleceram após a 1ª Guerra Mundial. Até 1960, a modalidade era restrita a São Paulo, e só depois um professor francês de nome Augusto Listello apresentou a outros professores de vários Estados, sendo assim introduzido nas escolas de todo o Brasil. Em 1971, o MEC [Ministério da Cultura e Esportes] incluiu a modalidade nos Jogos Estudantis e Universitários, disseminando em todo o território nacional.
Como é aceitação da modalidade?
Vou falar referente a Presidente Prudente, onde trabalho, e pelo que vejo em outras cidades por onde passo em competições. Em Prudente, graças a Deus, o handebol, hoje, é uma realidade! O trabalho é muito bem aceito! Temos uma comunidade praticante muito grande.
Quais as turmas de trabalho, atualmente?
Temos turmas desde a iniciação, aperfeiçoamento e treinamento. Na iniciação, atendemos sete escolas municipais com um total de 400 alunos. Em aperfeiçoamento, temos aproximadamente 100 alunos e 60 nas equipes de treinamento. Além disso, atendemos ainda várias escolas particulares que contam com muitos atletas que, após indicações de seus professores, vêm treinar conosco.
Quais os lugares de maior força do handebol no mundo? E no Brasil?
Ainda hoje o continente europeu é onde se encontram as melhores competições, técnicos e jogadores. No Brasil, temos grandes equipes, mas a maior concentração é na capital paulista. No masculino, por exemplo, podemos destacar Clube Pinheiros, Taubaté, São Caetano e as paranaenses Maringá e Londrina. E femininas: Pinheiros, Guarulhos, São Bernardo, Blumenau, Maringá, Cascavel, Concordia, Clube Português de Recife, Força Atlética de Goiás, entre outros. Hoje, vários atletas brasileiros competem nas melhores ligas europeias, inclusive temos uma atleta da região, Isaura Minin, que é de Panorama e atualmente joga na Espanha.
Além de ser jogado com as mãos, o que diferencia o handebol do futebol?
A dinâmica de ataque e defesa constante que o jogo propõe e a quantidade de gols da partida, que geralmente são em média de 40 por partida. E como costumo falar para os meus alunos, handebol não é futebol com a mão e sim xadrez com bola, pois temos que pensar a melhor estratégia e tomar a melhor decisão em fração de segundos.
Quantos atletas compõem cada equipe numa partida?
São 16 atletas e quatro integrantes na regra oficial. Para iniciar a partida, cada equipe deve ter sete jogadores em quadra, sendo um goleiro e seis de linha nas seguintes posições: armador central, armador esquerdo, armador direito, ponta esquerda, ponta direita e pivô.
Péricles, quando adentrou nesse mundo mágico, mas nem sempre fácil, do esporte? Começou logo de cara no handebol ou em outra modalidade?
Eu comecei incentivado pelo professor José, na EE [Escola Estadual] Alberto Santos Dumont, em Martinópolis, em 1998, com 10 anos de idade. E, após ver que eu tinha potencial, ele me indicou para treinar com o professor Rogério Percinoto “Lolo”, qual tenho enorme gratidão, pois depois de alguns anos como atleta, me levou para uma competição como auxiliar e foi a partir daí que comecei a me identificar com a profissão.
Antes de ser treinador você passou como jogador por onde?
Joguei por vários anos em Martinópolis, Cascavel e no Corinthians, em São Paulo. E ainda hoje represento a equipe de Martinópolis, no adulto masculino.
Se sente realizado com o que faz?
Hoje, como treinador das equipes prudentinas, me sinto parcialmente realizado, posso dizer que sou muito feliz com meu trabalho e esporte qual faz parte da minha vida inteira. Mas quando digo parcialmente, é porque ainda tenho um longo caminho a trilhar incentivando e proporcionando ensinamentos aos atletas que trabalho e aos novos que surgirão. Posso assegurar que cada ciclo que passa é uma nova paixão.
Qual a maior dificuldade do esporte no interior? Fale-me sobre patrocínios...
A distância da capital é o maior problema. Para que possamos jogar competições de nível federativo se requer um grande investimento e, para isso, necessitamos da ajuda das empresas privadas, já temos algumas, inclusive, que são parceiras do handebol prudentino Unimed/Semepp/Instituto Edespp. O governo de Prudente nos cede os espaços físicos para treinamento, custeio de competições e viagens. A Unimed Prudente mantém todas as turmas do projeto. Contamos ainda com o apoio de outras grandes empresas prudentinas, como Postos Itatiaia, Funada, Set Fit Academia, Contabil Cardinalli. Para 2020, temos o projeto de disputar a Federação Paulista com uma ou duas de nossas equipes, mas para isso, precisamos de novas empresas que apostem e acreditem no nosso projeto.
Como é a sua relação com seus atletas?
Tenho uma relação muito sólida, muitos me chamam de ‘paizão’ [risos]. Vejo-me como um profissional que ainda tem muito a aprender e conquistar. Como falei anteriormente, aprendi muito com o Rogério Percinoto e meu técnico no Corinthians, Geraldo Black, mas no dia a dia aprendo com os treinamentos e espero continuar trabalhando no sentido de formar o cidadão. E, posteriormente, através do handebol, elevar o nível técnico individual de cada atleta e, consequentemente, de cada uma de nossas equipes.
É mais fácil lidar com os pequeninos ou com os maiores, adultos?
Trabalho desde a iniciação com turmas de 5 a 9 anos e 9 a 11 dentro das escolas, com aperfeiçoamento de 11 e 12 e com treinamento com turmas de 14, 16 e 18 anos, no masculino e feminino. Sou apaixonado pela iniciação, gosto de ver todo desenvolvimento das crianças dentro do handebol! E na competição, a gente aprende muito sobre valores, sendo o maior deles a integração coletiva. Jogamos juntos e se ganhamos ou perdemos somos uma única equipe. E isso é maravilhoso!
Qual a melhor idade para começar a jogar handebol?
A melhor idade é logo aos 5 a 7 anos, com brincadeiras onde as crianças se desenvolvem naturalmente melhorando dia a dia seus aspectos físicos, cognitivos e motores - proporcionando seu crescimento de forma global até a especificidade de cada um individualmente.
Quais as conquistas do handebol da Semepp neste 2019?
Prudente Fest Cup 2019 – sub-17 feminino campeão e sub-14 masculino vice-campeão; Jogos Regionais do Estado de São Paulo - feminino campeão e masculino vice-campeão; Jogos Infantis do Estado de São Paulo - feminino 4° lugar; Liga Regional de Handebol do Estado de São Paulo: sub -12 masculino vice-campeão, sub-12 feminino campeão , sub-14 masculino 3° lugar, sub-14 feminino – 3° lugar, sub-17 masculino – 3° lugar, sub-17 feminino campeão.
PERFIL
Nome: Péricles Batista de Menezes Junior
Idade: 31 anos
Formação: Licenciado e Bacharel em Educação Física
Atividade profissional: Professor de handebol
Onde nasceu: Martinópolis (SP)
Esposa: Joslayne Oliveira Antunes
Filhos: Victoria 12 anos, Camili 10 anos, Valentina 6 anos, Arthur 3 anos
E-mail: [email protected]