“Naquele momento eu pensei que ia morrer. Não achei que fosse sobreviver”. Assim a delegada da Polícia Civil, Adriana Pelegrini, definiu o sentiu na noite do último sábado, quando o jipe em que ela fazia trilha caiu em uma ribanceira, de cerca de 20 metros de altura, em local de difícil acesso, entre a Cidade da Criança e o Rancho Quarto de Milha, em Presidente Prudente. Nesta terça-feira, ela se dirigiu ao quartel do Corpo de Bombeiros, onde se encontrou com os membros da equipe que, em revezamento, caminharam carregando-a em uma maca cesto por mais de 1,5 mil metros de mata, para agradecer por terem salvado sua vida.
De acordo com a corporação, o chamado se deu às 21h07 de sábado. O local, onde três jipes faziam trilha, não contava com ruas próximas e foi encontrado por meio de gritos de socorro de outras pessoas que presenciaram o acidente. Não foi possível que as viaturas chegassem próximo do veículo caído, o que demandou que uma distância de cerca de 1,5 mil metros, passando por curvas de nível e brejos, fosse percorrida a pé pelas equipes.
“Na chegada da primeira equipe, o comandante e o auxiliar se depararam com o veículo caído no córrego, parcialmente submerso, avistando duas vítimas, uma perambulando, consciente e orientada, e a segunda caída ao lado do veículo com fortes dores, consciente e desorientada”, expõe o 14º GB (Grupamento de Bombeiros), ao informar a situação em que Adriana, citada como a segunda vítima, e Fernando, o outro ocupante do jipe, foram encontrados.
“Tendo em vista a impossibilidade de descer o barranco, íngreme e escorregadio, os militares procuraram um melhor acesso que ficava a cerca de 300 metros por mata fechada, momento em que ficaram com fardamento de salvamento aquático e venceram a distância a nado pelo córrego em que, possivelmente, havia presença de animais, e água insalubre, com vários riscos de contaminação e ferimentos”, revela a corporação.
Técnicas e treinamento
Por meio da técnica de rapel, uma segunda equipe chegou ao veículo para ajudar na montagem do sistema de resgate de Adriana, que se queixava de dores nos membros superiores e inferiores, pescoço e hipotermia, com materiais, como prancha rígida e maca cesto. Ainda, viaturas 4x4 do Corpo de Bombeiros, depois de ultrapassar diversos obstáculos, conseguiram chegar a cerca de 200 metros do local onde a vítima estava com os demais equipamentos necessários ao salvamento. “Durante o atendimento, foi realizado o monitoramento constante da vítima e transmitido ao comandante, o que foi fundamental para as tomadas de decisões”, ressalta a corporação.
Foto: 14º GB
Por meio da técnica de rapel, equipe chegou ao veículo para ajudar na montagem do sistema de resgate
Com o quadro de Adriana estabilizado, foi realizada sua retirada do córrego através da utilização de um sistema de tracionamento, com captura de progresso e escada trilho, acompanhada por dois bombeiros para total estabilização da maca, buscando preservar totalmente a integridade da vítima, anulando a possibilidade de qualquer outro tipo de trauma. “Após a retirada da vítima do local de risco, as equipes, por meio de revezamento, caminharam com a vítima imobilizada na maca cesto até o local que estavam estacionadas as demais viaturas, totalizando por volta de 1.500 metros de distância, passando por diversos tipos de dificuldades e riscos no caminho”, recorda o órgão.
Com a chegada até a viatura de resgate, a vítima foi transferida para a maca do veículo de socorro e transportada para a Santa Casa de Misericórdia. “O sucesso da ocorrência foi reconhecido pela vítima e seus familiares, que realizaram até uma visita no quartel para agradecimentos. O êxito no atendimento é reflexo do treinamento diário realizado pela equipe, demonstrando total comprometimento e amor ao próximo, arriscando até própria vida”, relata o 14º GB.
Foto: 14º GB
Jipe caiu em local de difícil acesso, entre a Cidade da Criança e o Rancho Quarto de Milha
Foto: 14º GB
Nesta terça-feira, Adriana se encontrou com equipe de bombeiros que salvou sua vida