O culto e a devoção a São Sebastião não ficam restritos ao catolicismo. Na Umbanda, religião de matriz africana que reúne diversos aspectos de sincretismo com os santos católicos, São Sebastião é o orixá Oxóssi. Quem explica esta relação de maneira mais aprofundada é o babalorixá Flávio “de Oxóssi” Aparecido da Silva, do Templo de Umbanda de Oxóssi e Ogum, em Presidente Prudente. “No sincretismo católico é São Sebastião, na Umbanda é Oxóssi, considerado o rei das matas, das caças, da fartura. No Candomblé, ele é Odé, um caçador”, conta o babalorixá.
Segundo Flávio, Oxóssi tem relação com outro fenômeno espiritual sincrético da Umbanda: os caboclos e caboclas, sábias entidades indígenas responsáveis por guiar os seres humanos no plano terrestre. “Oxóssi para nós, na Umbanda, é o que comanda a linha dos caboclos. No dia 20, a gente comemora também a festa de Oxóssi e dos caboclos, onde ofertamos frutas e legumes por exemplo”, relata.
O Brasil, nação forjada a ferro e sangue, principalmente, dos indígenas e dos negros trazidos como escravos da África, tem na Umbanda o encontro da fé dos povos que por aqui se encontraram. Como diria Gilberto Gil, “Umbanda são todas as bandas”. Já a relação entre Oxóssi e São Sebastião parte do momento em que os negros eram proibidos pela Casa Grande, nos tempos da escravidão, de cultuar sua fé aos orixás, assim, relacionando-os as entidades do cristianismo. “A ligação entre São Sebastião e Oxóssi é que os dois são guerreiros. Os dois, tanto o santo, como o orixá Oxóssi, são da cura, da fatura. São os que protegem as lavouras e os nossos alimentos”, frisa o babalorixá Flávio de Oxóssi.
