Presidente Prudente será mais uma vez atravessada pela arte através das lentes do fotógrafo, Augusto de Souza, também conhecido como Gasalucinação. A segunda edição de sua exposição, “Múltipla Exposição”, propõe mais do que um passeio visual: é uma travessia sensível por entre linguagens artísticas da cidade, costuradas pela técnica fotográfica da sobreposição de imagens e pelo olhar que reconhece a grandeza onde a maioria vê apenas o cotidiano.
Após o sucesso de sua primeira edição em 2020, Augusto retorna com uma versão ainda mais plural e potente, reunindo 30 fotografias que retratam artistas de diversas linguagens — música, dança, teatro, circo, artes visuais e performances de rua — todas captadas em Presidente Prudente e região nos últimos anos.
A exposição será lançada nesta quarta-feira, na FCT Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), em parceria com o Comitê de Ações Culturais e a Biblioteca, e seguirá itinerante, com passagens pela Associação Filantrópica de Proteção aos Cegos (05/05) e pela Fundação Inova Prudente (02/06), promovendo não apenas a descentralização do acesso à arte, mas também ações inovadoras de acessibilidade, com audiodescrição e interpretação das legendas em Libras por meio de QR Codes ao lado das obras.
“Não sou fotógrafo de grandes famosos, mas sim de grandes histórias. Meu desejo não é registrar pessoas conhecidas, mas fazer com que as pessoas que eu fotografo sejam reconhecidas por seu talento e sua trajetória”, afirma Augusto, que atua como fotógrafo profissional desde 2015, com especial dedicação à arte e na cena cultural prudentina desde 2019.
Seu trabalho não apenas revela a beleza da performance, mas a eterniza — e a potencializa. Cada imagem é resultado de uma escuta atenta, de uma imersão no gesto do outro. Ele é fotógrafo de cena, mas também é parte dela. Ao acompanhar artistas em suas expressões, sua fotografia se torna um espelho, um documento, uma extensão da própria arte performada.
“Vejo a fotografia como uma arte complementar. Dependo da produção artística das pessoas para criar a minha, e, ao mesmo tempo, meu trabalho ajuda a registrar, promover e divulgar essas expressões. Criar arte a partir da própria arte pode parecer redundante, mas é algo que me fascina”, revela.
Ao mesmo tempo em que homenageia artistas locais, “Múltipla Exposição” amplia o alcance desses trabalhos. Augusto produz imagens que atravessam as redes sociais, os cartazes, os portfólios e as memórias — imagens que ecoam. “Seja em um jornal, em um post ou em um cartaz de evento, quando a imagem emociona, ela comunica mais do que palavras. E se essa imagem é feita com respeito e admiração, ela se torna parte do próprio trabalho do artista”, explica.
Por isso, sua fotografia vai além da estética: ela contribui para a construção da identidade visual dos artistas que retrata, cria pontes com o público e fortalece o reconhecimento da arte regional. Essa potência também é social: a nova edição da exposição investe em acessibilidade, garantindo que todos possam sentir, ouvir e enxergar a arte à sua maneira.
“As atividades que acompanho são as mesmas que eu assistiria como público. Por isso, não apenas fotografo com olhar técnico, mas com o coração de um admirador”, confessa.
Em uma cidade onde a cena artística pulsa cada vez mais forte, “Múltipla Exposição” não apenas registra esse movimento — ela o alimenta. É arte feita com arte, para que todos possam ver, sentir e reconhecer a força que existe em cada expressão criativa do nosso território.
E o convite está feito: ver a cidade com outros olhos. Os olhos de Gasalucinação.
Gasalucinação/Augusto de Souza
Augusto de Souza reúne 30 fotografias que retratam artistas de diversas linguagens, todas captadas em PP e região nos últimos anos