"Marujos do Amor"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 25/02/2025
Horário 08:09

As décadas de 1940-50 foram o auge do cinema musical Hollywoodiano, e “Marujos do Amor” (Anchors Aweigh) é um grande exemplar digirido pelo mestre George Sidney. Na trama, Joe (Gene Kelly) e Clarence (Frank Sinatra) são dois marinheiros de licença em Los Angeles que acabam se envolvendo em um conjunto de entrechos cômicos ao descobrirem um garotinho fugitivo e o levarem de volta à sua tia (Kathryn Grayson). Os dois rapazes se apaixonam pela moça que quer ser cantora desdobrando em belos números musicais que receberam o Oscar de Melhor Banda Sonora, e concorreu a melhor ator, melhor fotografia colorida e melhor canção (“I Fall in Love Too Easily”). O filme mostrou a primeira parceria em cinema com os personagem de William Hanna e Joseph Barbara com um belo número com Tom & Jerry. 
    
A distopia de “O Último Azul”

O filme brasileiro “O Último Azul” foi ovacionado neste final de semana durante o Festival Internacional de Cinema de Berlim, onde saiu como vencedor do Leão de Prata de Melhor Filme. A trama apresentada pelo filme mostra uma realidade distópica (relembrando que distopia é um local ou estado imaginário em que se vive sob extrema opressão, desespero ou privação, uma espécie de antiutopia) vivida num Brasil futuro onde os idosos são recolhidos a abrigos compulsoriamente ao atingirem determinada idade, mostrando que a régua medida para valorizar a pessoa humana é sua produtividade. No enredo, o governo brasileiro passa a transferir idosos para uma colônia habitacional para “desfrutarem” de seus últimos anos de vida em isolamento. Antes de seu exílio compulsório, Tereza (Denise Weinberg), uma mulher de 77 anos (numa colossal atuação), embarca em uma jornada para realizar seu último desejo: ter dignidade e ser livre, contando com a ajuda de um barqueiro (Rodrigo Santoro) de coração partido, que envereda por caminhos de realismo mágico. O diretor narra uma história nos rios da Amazônia que mistura aventura, amadurecimento e resistência. O objetivo do cineasta Gabriel Mascaro é abordar temas como idade, liberdade e autodeterminação em um mundo hostil, mas de forma alegre e colorida, trazendo uma mensagem de esperança. A fala dos atores sobre o filme nos faz refletir: Denise falou que “Como o próprio Nelson Rodrigues disse: Envelheçam! O etarismo não pode ser uma paralisia e quem é curioso e tem curiosidade sobre a vida envelhece mais devagar”. A exclusão governamental imposta ao idoso nos faz refletir sobre o real papel do idoso nas sociedades atuais, cada vez mais excluído de decisões, coadjuvante de suas próprias histórias e de seus enredos familiares e vistos com estereótipos de chatos, ultrapassados e ranzinzas. A distopia não está tão longe assim. 

Dica da Semana

Filmes:

“Dona Elza”:
Dirigido por Diego da Costa. Estrelado por Teca Pereira. 2025. Recentemente veiculado pela Tela Quente da Rede Globo. A história de Dona Elza (Teca), uma professora aposentada que dedicou sua vida à família e ao lar. Após a perda do marido, ela embarca numa jornada de autodescoberta, reencontrando-se com a cidade, e inesperadamente com o teatro, reacendo o desejo de ser atriz. 
 

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