“Malha ferroviária: vamos arrancar os trilhos na marra e depositar em algum lugar”

NILTON MIRANDA - CANDIDATO A PREFEITO DE PRESIDENTE PRUDENTE

Eleições - MELLINA DOMINATO

Data 05/09/2024
Horário 06:00
Foto: Mellina Dominato
Empresário Nilton Miranda participa pela primeira vez da corrida pelo Executivo de Prudente
Empresário Nilton Miranda participa pela primeira vez da corrida pelo Executivo de Prudente

Natural de Porecatu (PR), aos 68 anos, o empresário Nilton José Miranda participa pela primeira vez da corrida pelo Executivo de Presidente Prudente. Representando o PDT (Partido Democrático Trabalhista), como o faz na atual campanha eleitoral, já disputou, em 2012, uma cadeira no Legislativo prudentino pela coligação “Juntos Por Prudente”, composta ainda pelo PSD (Partido Social Democrático) e o então PRB (Partido Republicano Brasileiro), quando ficou como suplente. O mesmo já tinha ocorrido em 2008, quando chegou à suplência concorrendo pelo PDT como partido isolado. Antes, em 2006, tentou ingressar na concorrência pelo cargo de deputado federal pela capital paulista. Na ocasião, no entanto, foi considerado “inapto” e teve o registro de sua candidatura indeferido pela Justiça Eleitoral. Casado, nas eleições de 6 de outubro, estará acompanhado nas urnas pela assistente social Edna Fernandes de Aquino, a Edna F Maluly. Prudentina, ela tem 60 anos, é casada e estava na concorrência por uma cadeira no Legislativo até renunciar e assumir a candidatura de vice-prefeita. Na última eleição, em 2020, chegou a disputar uma vaga a vereadora da capital do oeste paulista, mas não foi eleita.

Nesta entrevista exclusiva a O Imparcial, Nilton responde a oito perguntas, sendo seis questionamentos iguais para todos os seis candidatos à Prefeitura da capital do oeste paulista, e outros dois formulados por este diário de acordo com as experiências sociais e políticas dos concorrentes. Como forma de deixar o conteúdo final de forma mais semelhante possível, foi estipulado pela direção um tempo médio de um minuto e meio para cada resposta, não sendo permitidos ataques a outros postulantes na sabatina. A ordem de publicação das entrevistas nas edições dos dias 3, 5 e 10 de setembro, foi definida em sorteio. Confira:

O Imparcial - Caso eleito para assumir a cadeira do Executivo, qual deverá ser o projeto carro-chefe dentro do seu plano de governo?

Nilton - Obrigado a O Imparcial, que nos coloca a oportunidade de falar do injusto que vem ocorrendo há muitos e muitos anos. E nós iremos colocar o justo para funcionar. No verbo “querer”. O projeto que temos para colocar Presidente Prudente no eixo, por incrível que pareça, chama-se “educação”. Presidente Prudente foi capital mundial do algodão. Tivemos e temos o título de capital da Alta Sorocabana. Fomos capital do boi. Temos três grandes universidades que dão o conhecimento. Três grandes universidades ou mais, e nós não estamos saindo do lugar, porque a classe média prudentina, quando viu que não tinha jeito, começou a sumir. O governo tinha de nos dar escola particular, plano de saúde, pedágio... Esse tal do imposto de renda, essa água cara, essa luz cara, esse IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor) do nosso carro caro e o nosso IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física) caro.

Os alagamentos no Parque do Povo são um problema que ainda persiste no município. Se eleito, que medidas pretende adotar para sanar esse problema tão antigo?

Eu, quando criança, morei na Vila Liberdade. Eu conheço Presidente Prudente como a palma da minha mão. Então, ali nunca teve alagamento. Mas, quando a cidade cresce, expande, o asfalto chega e as casas chegam, então você vê a água correndo de tudo quanto é lugar. O Parque do Povo, quem tem que dar essa solução? Nós vamos dar essa solução rápida. Nós vamos usar a água da chuva para lavar os nossos quintais e um monte de coisa. Então, o avanço, ele tem de ser intelectual também. É a educação de cada um. Não ficar pensando em fazer buraco daqui e ali por milhões e milhões, e trilhões e trilhões em dinheiro, que ela não vai ter valor nenhum mais. Não que não tem valor o alagamento, mas nós podemos usar a água de cada casa com aquelas bombas grandes. É só mostrar usando o marketing da Prefeitura para isso. Você tem a conscientização de cada ser humano.

A falta de incentivos fiscais ainda é uma justificativa para que novas empresas deixem de se instalar em Prudente. Quais são as suas propostas a fim de que a cidade se torne um polo atrativo para investimentos e geração de empregos e renda?

Quando se fala em falta de incentivos fiscais e o candidato vem aqui e recua com medo de falar de imposto, eu digo: uma cidade só vai crescer quando ela recolher imposto. Eu tenho o maior prazer de pagar imposto. Porque quanto mais eu pago, eu sei que eu ganhei. E é assim que nós temos de colocar, por isso que nós vamos colocar o verbo “querer”. Quem não quer pagar imposto é sinal que não ganha dinheiro, vive na miséria. Essa é a realidade, então não fuja dela. Dê o conhecimento intelectual para a pessoa daquilo que ela faz. No conhecimento que ele vai desenvolver ou a empresa dele ou qualquer coisa, e vai ganhar dinheiro. Porque a coisa que eu mais tenho satisfação de pagar é imposto, porque quanto mais eu pago é sinal de que eu tenho as coisas boas. É assim com a luz, é assim com a água, é assim com o imposto do meu carro, é assim que é com o meu imposto. Se eu não paguei imposto é sinal de que eu vivo na miséria, que eu não tenho dinheiro. E me desculpe isso que eu estou falando. Essa história de que a pessoa chega e diz: “eu vou dar incentivo...”. Como que vai viver uma cidade sem dinheiro? Como que vai funcionar a saúde, a educação, sem dinheiro?

O que o senhor promoverá, no âmbito financeiro, para equilibrar os cofres públicos?

Talvez eu fui violentamente falando no primeiro debate. Mas, a solução é aquela: a sustentabilidade só vai ter na hora que pegar o do “colarinho branco”. O ladrão pé de galinha, ele está ali para se defender da fome. Mas, o outro não. O outro está ali para prejudicar toda uma sociedade honesta, trabalhadora. E ele é o mínimo. Você entende? O mínimo do mínimo e faz esse estrago grande. Então, ele sabe que a mão aqui é pesada e ela vai chegar para cima. E ele vai afundar na janela igual galinha sem pena.

A Cidade da Criança e o Parque Aquático são equipamentos com alto potencial turístico, mas precisam de manutenções para que voltem a ser usufruídos pelo público. Caso eleito, como pretende trabalhar para que o complexo volte à plena operação?

Olha, uma das coisas fantásticas. Quem não quer lazer, quem não quer turismo? A gente tem que bater palma para os donos de hotéis de Presidente Prudente. São heróis. Atravessar tudo isso aí, sem turismo em Presidente Prudente. Não é só essa questão. Olha a exposição. Dá uma olhada na rodoviária de Presidente Prudente. Então, o turismo, quanto faz... As pirâmides lá do Egito, quanto já não levou de dinheiro? Quando cria aquela Torre Eiffel, em Paris, quanto já não levou de dinheiro? As pessoas pegam um avião para ir lá ver aquela torre, ver as pirâmides. O túmulo de Cristo, quanto já não levou de dinheiro lá para Israel? Você entendeu? Como que pode a pessoa deixar aquilo lá na inércia. Uma Cidade da Criança, na inércia, daquele jeito. E nós estamos precisando saber por que que aquilo lá está daquele jeito. Se não tem alguém com capacidade para administrar, um secretário com capacidade, eu tenho que trocar. Então, eu, agora, eu tenho de analisar quem que eu coloco. Quem tem capacidade para aquilo? Eu não posso colocar uma pessoa lá que vai sentar e não ter capacidade para isso. E para isso eu vou arrumar marqueteiro, você entendeu? Para que faça marketing e nós podermos investir naquilo que realmente Prudente merece para ter esse nome. 

A economia de Presidente Prudente é fortemente calcada no setor terciário. No atual cenário de expansão do empreendedorismo, quais os seus planos para garantir que as pessoas consigam abrir seus próprios negócios e tenham condições de mantê-los?

Prudente é bem estruturada. Tem Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Sesi (Serviço Social da Indústria)... É só a gente desfrutar do que nós temos e colocá-los para funcionar e ouvi-los. E outra coisa, invista em cima do marketing. Isso eu vou falar porque o microempresário deve investir em cima do marketing, investir em cima do conhecimento. “Você faz o quê, filho? Faço isto. Mostra para mim, de que jeito você faz”. Leva um engenheiro ou dá uma instrução aqui para ele, mostra o que que é esquadro... Se erra muito porque às vezes se faz um serviço fora do esquadro. Quantas casas nós temos em Presidente Prudente fora do esquadro, fora de nível? Porque a pessoa está lutando para ter conhecimento de uma profissão e quem paga caro é o consumidor. E o consumidor não pode pagar mais caro, porque é suado o dinheiro que ele ganha. Então, as coisas todas começam no consumidor e terminam no consumidor. Então, nós temos que ter no meio aquele que vai prestar o serviço de qualidade, porque tudo se começa aqui no consumidor e termina aqui no consumidor. E o consumidor quer serviço de qualidade. Então, é pra isso que nós vamos sentar nessa cadeira pra mostrar para Presidente Prudente que tem as pessoas com vontade de fazer sucesso e o sucesso te traz felicidade.

Prudente é atravessada por uma malha ferroviária sucateada e sem perspectivas de revitalização. Caso eleito, o senhor pretende traçar projetos para dar alguma destinação aos trilhos? 

Sim. Esse obstáculo, eu tenho que arrebentar. Você sabe quantos metros tem de largura por quantos quilômetros, os trilhos, em Presidente Prudente? Sessenta metros de largura por 18 quilômetros. Você sabe quanto isso dá de IPTU (Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana)? Se ele não paga IPTU, aquilo ali é nosso. Vamos arrancar os trilhos na marra, na marra, e vamos depositar em algum lugar. E se ela quiser, ela vem buscar aqui. Nada pode atrapalhar nada, porque a soberania do país é do povo. Não é de uma pessoa ou de outra, que você vendo que fica se julgando e não paga IPTU. Se ele não paga IPTU, estou levantando uma lebre aqui: são 60 metros de largura por 18 quilômetros. Veja quantos metros quadrados e nas áreas mais caras de Presidente Prudente? Na área mais cara, barrando qualidade de vida, porque lixo não te traz qualidade de vida. E nós estamos falando de qualidade de vida. Nós estamos falando do verbo “querer” e nós vamos falar no verbo “querer”. E eles têm de aprender uma coisa comigo e com todos os cidadãos prudentinos: só pode quem pensa que pode. Isso nós vamos pregar para todo mundo. Põe na tua cabeça: só pode quem pensa que pode. E quem cura nós somos nós mesmos, vencendo as nossas dificuldades. Então, as nossas dificuldades que estão sendo colocadas aí, nós vamos quebrar todas essas barreiras, porque elas não vão existir mais para nós prudentinos.

Por qual razão o eleitor deve colocar a máquina pública em suas mãos?

Quem me conhece de criança, sabe. Não estou sentando lá na cadeira para ser um “reizinho”, mas para ser um ser comum, normal. Ter a responsabilidade desse um R$ 1 bilhão, que é muito dinheiro, mas muito dinheiro, para Presidente Prudente, e administrar ele corretamente. Com ele, eu sei que eu vou trazer qualidade de vida para os prudentinos e moradores da região. Porque quando a gente fala por Presidente Prudente, nós não falamos por Presidente Prudente, nós falamos pelas 53 cidades da nossa região. E nós temos de abranger essas 53 cidades da nossa região. Nós olhamos aí a saúde. Olha, o HR (Hospital Regional Doutor Domingos Leonardo Cerávolo), você entendeu? Prudente sustenta essas 53 cidades com a saúde. Por isso que a saúde pública não funciona. Não tem dinheiro para uma cirurgia, não tem dinheiro para um exame. Então, não adianta nada fazermos uma consulta, e talvez seja pior, porque aí a gente sabe a doença, mas não cura ela. Então, nós temos que curar a doença e buscar recursos.

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