O último caso confirmado de febre maculosa na região de Presidente Prudente foi registrado em 2020. Naquele ano, o local provável de infecção foi Rancharia. Desde 2011, esta parte do oeste paulista soma 10 resultados positivos, sendo um em Flora Rica em 2011; seis em Rancharia nos anos de 2012, 2014, 2015 e 2020; um em Iepê em 2013; um em Osvaldo Cruz naquele mesmo ano; e um em Tupi Paulista em 2014. Os dados foram levantados pela reportagem de O Imparcial junto ao CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) do Estado de São Paulo. As informações foram atualizadas em 1º de março deste ano.
No SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade) do Ministério da Saúde, não há óbitos pela doença neste período na região de Prudente.
Nos últimos dias, a patologia ganhou espaço nos veículos de comunicação após um surto de casos em Campinas (SP). Foram confirmados quatro óbitos por febre maculosa na cidade. De acordo com nota à imprensa divulgada pelo Ministério da Saúde nessa quarta-feira, desde a notificação dos casos, a pasta mantém contato com o Estado para o acompanhamento das ações de vigilância e assistência, prestando suporte técnico e auxiliando na realização das ações.
“O município de Campinas é uma área endêmica e o período sazonal para a doença no país se estende de maio a setembro”, expõe.
Ainda segundo o ministério nessa quarta-feira (antes de Campinas confirmar a quarta morte nesta quinta), em 2023, o Estado de São Paulo registrou 12 casos, sendo que quatro evoluíram para cura, seis para óbitos e dois continuam em investigação. No Brasil, neste ano foram confirmados 53 casos da doença, dos quais oito resultaram em óbitos. A maior concentração de diagnósticos positivos é verificada nas regiões Sudeste e Sul e, de maneira geral, ocorrem de forma esporádica.
“Quando notificado de casos suspeitos, o Ministério da Saúde presta apoio técnico a Estados e municípios no manejo clínico e na investigação dos casos, promovendo a divulgação das informações às secretarias estaduais e municipais de saúde para identificação precoce de eventuais novos casos suspeitos e para promoção do tratamento oportuno a fim de evitar óbitos”, explica.
O Ministério da Saúde esclarece que a transmissão da febre maculosa ocorre somente por meio do contato com o carrapato infectado pela bactéria do gênero Rickettsia e não há transmissão de pessoa para pessoa. O tratamento oportuno é essencial para evitar formas mais graves da doença e óbitos. “Assim que surgirem os primeiros sintomas, é importante que o paciente procure as unidades de saúde para avaliação médica e tratamento disponível no SUS [Sistema Único de Saúde]”, orienta.
A pasta afirma que distribui aos Estados antimicrobiano preconizado para o tratamento da febre maculosa e vem promovendo ações recorrentes de capacitações direcionadas às vigilâncias estaduais e municipais, envolvendo profissionais da vigilância e da atenção à saúde. Atualmente, todas as unidades federativas estão abastecidas com os medicamentos prioritários para o tratamento, incluindo São Paulo.
“Além dos quantitativos já distribuídos, o Ministério da Saúde tem estoque estratégico e já colocou à disposição para enviar novas remessas aos Estados que precisarem”, adianta. “A pasta também vem realizando a divulgação de diretrizes técnicas e recomendações de conduta de manejo clínico dos pacientes suspeitos e de vigilância ambiental, além da divulgação de materiais educativos para prevenção da doença”, complementa.
Segundo o ministério, a febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável. Ela pode variar desde as formas clínicas leves e atípicas até formas graves, com elevada taxa de letalidade. No Brasil, duas espécies de riquétsias estão associadas a quadros clínicos da febre maculosa: Rickettsia rickettsii, que leva ao quadro de febre maculosa brasileira, considerada a doença grave, registrada no norte do Estado do Paraná e nos Estados da região Sudeste; e Rickettsia parkeri, que tem sido registrada em ambientes de Mata Atlântica (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará), produzindo quadros clínicos menos graves.
Os principais sintomas são febre, dor de cabeça intensa, náuseas e vômitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, gangrena nos dedos e orelhas e paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando paragem respiratória. Além disso, com a evolução da febre maculosa, é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.
O Ministério da Saúde destaca que o diagnóstico oportuno é muito difícil, principalmente durante os primeiros dias de doença, tendo em vista que os sintomas também são parecidos com outras doenças, como leptospirose, dengue, hepatite viral, salmonelose, encefalite, malária, meningite, sarampo, lúpus e pneumonia. “No entanto, o médico fará avaliação dos sintomas e perguntará onde o paciente mora ou se esteve em locais de mata, florestas, fazendas e trilhas ecológicas, onde possa ter sido picado por um carrapato. Ele também poderá solicitar uma série de exames para confirmar ou contribuir com o diagnóstico”, acrescenta.
O tratamento é feito com antibiótico específico. Em determinados casos, pode ser necessária a internação da pessoa. A terapêutica é empregada por um período de sete dias, devendo ser mantida por três dias após o término da febre. A falta ou demora no tratamento da febre maculosa pode agravar o caso, podendo levar ao óbito.
Em áreas consideradas de risco, o Ministério da Saúde recomenda a utilização de roupas que cubram todo o corpo, priorizando calças, blusas ou camisetas com mangas compridas e sapatos fechados.
“Dê preferência às cores claras. Dessa forma, os carrapatos podem ser vistos com maior facilidade pelo corpo. Examine o corpo com frequência, quanto mais rápido os carrapatos forem retirados, menores as chances de infecções. Caso o animal esteja infestado por carrapatos, procure orientação de um médico veterinário”, pontua.
Cenário epidemiológico da febre maculosa na região de Prudente
¹GVE Presidente Prudente: engloba 23 municípios da região
²GVE Presidente Venceslau: engloba 21 municípios da região
³GVE Marília: engloba 9 municípios da região
Fonte: Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de SP