"Lição de amor"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 03/12/2024
Horário 07:08

O diretor Eduardo Escorel teve a ousadia de adaptar a poesia de Mário de Andrade, “Amar, Verbo Intransitivo” para os cinemas e o resultado foi o filme “Lição de Amor” de 1975, uma obra representativa do cinema do período. Numa época em que a rebeldia do Cinema Novo dava espaço ao filme erótico das pornochanchadas, adaptar literatura brasileira era um sinônimo de conseguir investimento do governo. Foi o que o diretor fez e teve um trabalho primoroso de atuação de Lílian Lemmertz (1937-1986). A história retrata a história de uma governanta alemã contratada pelos pais (Rogério Fróes e Irene Ravache) de um adolescente, para que o inicie sexualmente e assim, evitem os perigos da vida mundana. Em meio a lições de alemão para o garoto, e de piano para suas irmãs menores, Fraulein vai lentamente iniciando o rapaz em um jogo que envolve sedução e afeto. Lílian ganhou o Prêmio de Melhor atriz do ano no Festival do Gramado e da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte). 
    
“Velhinhos crédulos”

O envelhecimento parece determinar uma maior tendência de crer sem reflexão, de modo sem críticas, em tudo que se lê e se ouve, deixando alguns à beira de uma ingenuidade passiva. Isto pode deixar alguns idosos reféns de notícias falsas em meio digital ou a possibilidade de se tornar vítimas de golpes e abusos. Estudos científicos demonstram que uma área do cérebro, a ínsula anterior, no córtex pré-frontal ventromedial, tende a se deteriorar. Responsável por nossas crenças e dúvidas, tal área do cérebro encolhe e, isto pode prejudicar e impedir que pessoas mais velhas enxerguem as desvantagens e riscos das suas decisões. Tal situação remete a um folclórico personagem, a Velhinha de Taubaté, que servia chá com biscoitos de polvilho com confiança cega nas visitas, que recebia com cordialidade trapaceiros e vigaristas, confiando-lhes segredos e oportunidades. Diferentemente da fé, que consiste em depositar a confiança em algo ou alguém com a certeza de que essa confiança foi testada e fundamentada, a credulidade se caracteriza na aceitação fácil e ingênua de tudo. Tendem a acreditar em tudo, de armações políticas conspiratórias, a notícias de falecimentos de celebridades que continuam vivas, a apocalipses anunciados com data marcada, e, principalmente de que tem direitos financeiros revistos pelo governo... Soma-se a isto, o fato de eles virem de gerações em que havia uma maior confiança no que era dito: o velho ditado de palavra dada, palavra empenhada. A extinção da palavra de honra não retirou dos espíritos dos mais idosos, a tendência natural de se acreditar no outro. E devemos ficar sempre alertas com os manjados golpes contra idosos, como: falso empréstimo consignado; ajuda nos caixas eletrônicos; troca de cartão; falsos motoboys ou operadores de empresas; comunicação de falsos sequestros; ou a suposta troca de WhatsApp de um familiar seguido de um pedido de depósito ou transferência eletrônica. Todo cuidado é pouco. 

Dica da Semana

Televisão 

Reprise de “Tieta”:
A telenovela Tieta voltou às telas da Rede Globo, às 17h, numa reprise especial. Lançada em 1989, a novela de Aguinaldo Silva, baseada na obra de Jorge Amado, traz Betty Faria em grande forma como a protagonista e a oportunidade de rever muitos artistas falecidos, como Yoná Magalhães (Tonha), Sebastião Vasconcelos (Zé Esteves), Armando Bogus (Modesto Pires), Marcos Paulo (Arthurzinho), Françoise Forton (Helena), Paulo José (Gladstone), dentre outros. 

 

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