Em 1982 foi produzida a primeira minissérie nacional exibida no horário das 22h, da Rede Globo: “Lampião e Maria Bonita”. A trama principal relata os últimos seis meses de vida de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião (Nelson Xavier), que passa a ser perseguido pelas autoridades policiais após sequestrar um geólogo inglês. Relata também a vida cotidiana e embrutecida de sua parceira de aventuras, Maria Bonita (Tânia Alves). Adaptada por Aguinaldo Silva e Doc Comparato, foi exibida em oito capítulos com grande repercussão de crítica e audiência, com destaque para a cena da batalha final que culminou com a morte do casal na batalha de Angicos em Sergipe em Julho de 1938. O elenco revelou além de Nelson Xavier e Tânia Alves, um conjunto de novos atores característicos que se destacariam na teledramaturgia nos anos seguintes como José Dummont (que tinha feito recentemente com Tânia, o especial Morte e Vida Severina), Regina Dourado, Gilson Moura, Lu Mendonça entre outros, além da presença dos consagrados Roberto Bonfim, Cláudio Corrêa e Castro, Jofre Soares e Arnaud Rodrigues. Obra-prima da TV.
“Não rompa meus silêncios”
As transformações que o organismo humano vai sofrendo ao longo do envelhecimento, tanto físicas, mentais, emocionais como sociais, tendem a cristalizar comportamentos e, até mesmo, enrijecer atitudes. O que pode parecer como intransigência ou pura ranhetice, representa na maioria das vezes, apenas uma menor flexibilidade de mudanças, uma vez que as verdades internas já foram concretizadas e perpetradas pelas experiências do tempo. Muitos idosos ficam mais calados e ensimesmados, não obrigatoriamente por estados depressivos ou de tristeza melancólica, mas puramente por uma menor necessidade de aceitação ou de valorização externa. Existem muitos momentos saudáveis de silêncios para pura meditação ou reflexão, ou simplesmente, um não fazer nada, e nem pensar em nada: um permitir-se merecido de sossego e vadiagem mental. Afinal, foram anos, décadas de afazeres, correrias, preocupações, valorizações de questões que o tempo mostrou serem supérfluas ou desimportantes. Nem sempre o idoso está a fim de movimento, bagunça, conversa em demasia. Tem hora para tudo: inclusive para silenciar. Calmaria gostosa, a serenidade da monotonia também ajuda a reduzir o estresse das preocupações da vida diária. Nem toda diversão precisa ser barulhenta: há lugar para o remanso, para a tranquilidade pura e simples do sossego. A velhice também tem que ser morada do descanso, não apenas físico, mas principalmente, da ausência do conflito, do trabalho excessivo, das preocupações e problemas. Poupar idosos de idade avançada não significa esconder acontecimentos ou situações, mas ter o discernimento de não levar contendas que não lhe dizem respeito em tempo real. Da mesma forma, o idoso precisa aprender a fazer o filtro de não absorver esponjosamente os problemas de familiares e das pessoas que ama. Não se martirizar pelo que não pode solucionar. Permita-se a silêncios eventuais.
Dica da Semana
Livros
“É tempo de cuidar: eles envelheceram – e agora?”
Editora Batel. Autora: Marta Pessoa. O livro relata dos impactos do envelhecimento populacional sobre as sociedades. A autora discorre sobre questões que afligem cuidadores, familiares, amigos de pessoas na velhice, levando a ações que permitam a pensar rápido e o que fazer.