Você deve saber de alguém que nesses meses de quarentena, por vezes trabalhando em casa, tenha se queixado de dores nas costas. O sintoma tem se tornado mais comum ao passo que a postura durante o ofício ou até mesmo nas horas de ócio é inadequada. A má postura, segundo o médico ortopedista do Hospital Regional de Presidente Prudente, especialista em coluna, Rodrigo Soni Marin, 37 anos, em adultos, não é causadora da escoliose, mas pode piorar o quadro doloroso que resulta de uma insuficiência muscular.
Por outro lado, a fisioterapeuta, proprietária da ICC Fisioterapia, Vanessa Gil Luizari, 40 anos, ressalta que nas crianças e adolescentes, ainda em fase de crescimento, a postura inadequada, intensificada pelo aumento do uso de celulares, tablets e computadores, pode sim, desenvolver um quadro de escoliose.
Voltado especialmente à EIA (Escoliose Idiopática Adolescente), neste mês, chamado junho verde, a OMS (Organização Mundial da Saúde) propõe a conscientização sobre a EIA e suas implicações em saúde e aparência, mas vale a pena utilizar a oportunidade para conhecer mais sobre a escoliose em sua totalidade.
Segundo o ortopedista, a escoliose é o desvio anormal do eixo anatômico da coluna vertebral, seja à esquerda, à direita, ou à ambos, tanto na região cervical, lombar ou torácica. Apesar da definição ser simples, ainda mais quando o desvio, a curvatura, é apresentada em imagem, a condição se divide em diferentes tipos, em conformidade com a causa.
Vanessa aponta cinco formas distintas de escoliose, a congênita (responsável por cerca de 10% dos casos, origina-se desde o dia do nascimento, quando ocorre má formação na divisão das vértebras); a neuromuscular (surge por sequelas de doenças neurológicas, é o caso, por exemplo, da poliomielite e da paralisia cerebral); idiopática (apesar de ser a mais comum, a causa desse tipo não é conhecida); pós-traumática (surge a partir de doenças do tecido conjuntivo e/ou anomalias cromossômicas); e degenerativa do adulto (causada pela degeneração de discos da coluna vertebral e de suas articulações como resultado, em especial, do avanço da idade).
A curvatura por si só, não causa dor, afirma Rodrigo, o que dói, na verdade é uma consequência da escoliose, a insuficiência muscular. Mesmo sendo causadora de muito incômodo, esta não é a implicação mais grave do desvio da coluna. O médico explica que os casos mais graves ocorrem quando a curvatura causa compressão de órgãos vitais como pulmão e coração, situações que levam, até, a problemas respiratórios.
O tratamento costuma depender do grau da curvatura, o que aponta sua gravidade, a fisioterapeuta explica: “Curvas de até 30 graus são tratadas conservadoramente com exercícios específicos de fisioterapia, principalmente, através dos EEE (Exercícios Específicos da Escoliose) e do Método Mackenzie. Acima de 30 graus: além da fisioterapia, faz-se necessário o uso de coletes. Acima de 50 graus, o tratamento pode ser cirúrgico, pois, dependendo da localização da curva, pode haver compressão de órgãos vitais”, ressalta.
Tanto a Vanessa quanto Rodrigo apontam que os exercícios físicos corretos são importantes para o fortalecimento muscular, o que impede sintomas dolorosos e agravamentos. Em outro ponto concordam, o principal influente em um tratamento eficaz e no não agravamento da situação é a idade na qual o problema é identificado, então, a recomendação é: ao notar qualquer dos sintomas descritos, procure um médico para diagnóstico, e este, se for o caso, poderá encaminhar para a fisioterapia.
A curvatura por si só, não causa dor, afirma Rodrigo, o que dói, na verdade é uma consequência da escoliose, a insuficiência muscular.