"Água Viva"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 25/06/2024
Horário 07:08

Estreou esta semana na plataforma Globoplay a telenovela “Água Viva”, um fenômeno de audiência levada ao ar originalmente em 1980, às 20h, de autoria de Gilberto Braga. A trama contava a história de uma mulher descasada Lígia (Betty Faria) que se envolvia com dois irmãos, o playboy Nelson (Reginaldo Farias) e o cirurgião plástico Dr. Miguel Fragonard (Raul Cortez). No meio da trama, o médico é assassinado misteriosamente, originando a indagação do público: Quem matou Miguel Fragonard? Tinha também a história da menina órfã Maria Helena (Isabela Garcia) que desconhecia ser filha de Nélson, o casal romântico Marcos (Fábio Jr.) e Janete (Lucélia Santos), as estripulias da socialite Stella Simpson (Tônia Carrero) e as maldades de Lurdes Mesquita (Beatriz Segall). Um grande elenco que contava ainda com outros fatores já falecidos como Cláudio Cavalcanti, Eloísa Mafalda, Aracy Cardoso, José Lewgoy e Jorge Fernando. A abertura com windsurfe ao som de Menino do Rio, de autoria de Caetano Veloso e cantada por Baby Consuelo marcou uma geração. 
    
“Filho não é seguro de vida” 
Um filho é um amparo na velhice. Esta é uma daquelas meias verdades ditas popularmente que nem sempre é comprovada na prática. Nem um, nem muitos filhos são garantia de apoio quando se torna idoso. Não se trata de uma crítica julgadora, mas se fosse assim, os lares e instituições de longa permanência para idosos só teriam solteirões ou casais sem filhos. Muitos motivos contribuem para essa falta de apoio: a ausência de vínculos afetivos formados em épocas anteriores; as dificuldades econômicas que norteiam grande parte das famílias brasileiras; o mercado de trabalho e as ocupações individuais que fazem com que grande parte das pessoas não consiga abraçar responsabilidades ou simplesmente abdicar de sua rotina em prol de cuidar de um idoso. Em todos, não deixa de ser um belo exemplo de etarismo de responsabilidades. Não há justificativa que explique ou possibilite o abandono infantil, mas este pseudoabandono do idoso recebe uma boa dose de vista grossa social. Esta preocupação humana com o cuidado do idoso remonta da origem da humanidade e passagens bíblicas já orientavam, como no livro do Eclesiástico: “Filho, cuida do seu pai na velhice e não o abandone enquanto ele viver. Se ele perder a lucidez, seja compreensivo e não o desrespeite, enquanto você está com toda a força”. O artigo 229 da Constituição Federal nos orienta: Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”. No entanto, os filhos encontram todos os motivos para justificar sua ausência, muitas vezes plausíveis como distância, pobreza, violências prévias. Mas para falar a verdade, a maioria se justifica nas menores banalidades possíveis: uma briguinha à toa, a eterna comparação com irmãos e parentes, mágoas abissais por motivos irrisórios, um presente dado para outro filho, e por aí vai, como se se cuidado tivesse preço. E na grande maioria das vezes, por puro e simples egoísmo, de pensar em si, nas próprias lutas, nas novas famílias construídas, como se sua raiz (pai, mãe ou avós), fossem desimportantes, ou simplesmente depositando fichas no seu próprio seguro de vida: os próprios filhos. Também não terão direito a prêmios. 


 


 

Publicidade

Veja também